EU SOU MEU CORPO: VIOLÊNCIA, POESIA E FINITUDE NA PEÇA AS AVES DA NOITE, DE HILDA HILST

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/aguaviva.v6i1.38319

Palavras-chave:

Teatro, Corpo, Violência, Hilda Hilst, Poesia, Dramaturgia

Resumo

A peça As aves da noite, de Hilda Hilst, propõe uma leitura estética sobre o que ocorreu com o padre Maximilian Kolbe em Auschwitz. O texto é atravessado por inúmeras questões ontológicas. O conjunto de personagens trancafiados para morrer no Porão da fome pensa questões como Deus, morte, liberdade, fome, degradação e etc. A violência é presença intermitente no bunker da morte e o corpo das personagens é um território de debate profícuo sobre os efeitos do cerceamento da liberdade e a dificuldade de comunicação entre os sujeitos. Neste sentido, proponho no presente ensaio um conjunto de reflexões que parte do olhar das personagens sobre o próprio corpo, o do outro, e os processos de degradação sobre eles. O corpo é uma territorialidade persistente na dramaturgia de Hilda Hilst. Entre as personagens presas no Porão da fome o corpo atua como um rizoma a irmanar todos no mesmo espaço de compreensão do fim. Violência, poesia e finitude sedimentam a ação dos condenados a morrer de fome e sede. Na trama, pensar é uma forma de resistência diante do fim iminente, no entanto, esse movimento de racionalização da “banalidade do mal” gera efeitos colaterais simbólicos entre os prisioneiros. Portanto, proponho a análise do texto buscando compreender como o corpo está inserido nas engrenagens da violência e os seus efeitos na observação mútua que os condenados fazem.  

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Biografia do Autor

Francisco Alves Gomes, UFRR

Docente permanente do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRR. No PPGL atua na linha de pesquisa: "Literatura, Artes e Cultura Regional". Doutorado em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília - UnB, no programa de Pós graduação em Literatura (Conceito 5) do Departamento de Teoria Literária e Literaturas - TEL. Mestre em Literatura Brasília pela UnB em 2013. Graduado em Letras - Literatura pela Universidade Federal de Roraima - UFRR em 2011. Atualmente é professor do quadro Efetivo da UFRR atuando no curso de Artes Visuais (CCLA), atuando nas disciplinas História da Arte I e II, e Crítica em Artes Visuais. Tem interesse pelo texto dramático, dramaturgia, teatro brasileiro e suas inúmeras interpretações na ambiência social. No mestrado estudou o texto dramático de Hilda Hilst que culminou na dissertação, "Hilda Hilst: Da dramaturgia ao poder e à cena: Leituras das peças O Verdugo e o Rato no Muro". Agora, no curso de doutorado, continua estudando o teatro de Hilda Hilst através do projeto de tese, "Certas palavras não devem ser ditas: um estudo sobre a violência nas peças O rato no muro, O visitante, O verdugo e As aves da noite, de Hilda Hilst". Faz parte do grupo de pesquisa Literatura e Cultura, da UnB, grupo este que tem se dedicado ao estudo da Autoria. É poeta, tendo publicado os seguintes livros, Poemas a Meia Carne (2008) e Ruídos Noturnos e pequenas putarias literárias (2013). Em 2018 publicou seu primeiro livro de contos, intitulado: "Fotografias desmemoriadas de mim, de ti, de outrem", obra que venceu o prêmio Peixes de contos e crônicas, categoria do concurso nacional de literatura promovido pela Editora Kazuá.Também faz parte do grupo teatral Cia do Pé Torto (www.ciadopetorto.com.br). Em 2011 dirigiu o espetáculo A galinha degolada, fruto do prêmio Funarte Miryan Muniz de teatro na categoria montagem de espetáculo. Desenvolve também perfomances em parceria com alunos da graduação da UFRR. Recentemente assumiu a Coordenação do Polo Arte na Escola na UFRR. Foi professor voluntário no cursinho pré vestibular solidário EDUCAFRO Brasília, de setembro de 2017 até setembro de 2019. Coordenador do Programa Polo Arte arte na Escola em Roraima, sediado na UFRR. Participou do projeto "Alô Vestibulando da UFRR", da Pró Reitoria de Extensão-PRAE.

Referências

ARENDT, Hannah. A condição humana. Trad. Roberto Raposo. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2005.

BERGSON, Henri. Matéria e memória Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. Trad. Rogério Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 2008. (Coleção Tópicos).

HILST, Hilda. Teatro completo. São Paulo: Globo, 2008.

PALLOTTINI, Renata. Posfácio Do teatro. In: HILST, Hilda. Teatro completo. São Paulo: Editora Globo, 2008.

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Publicado

2021-06-02

Como Citar

GOMES, Francisco Alves. EU SOU MEU CORPO: VIOLÊNCIA, POESIA E FINITUDE NA PEÇA AS AVES DA NOITE, DE HILDA HILST. Revista Água Viva, [S. l.], v. 6, n. 1, 2021. DOI: 10.26512/aguaviva.v6i1.38319. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/aguaviva/article/view/38319. Acesso em: 26 dez. 2024.

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