Protetores solares, pele negra e mídia em aulas de química

Autores

  • Regina Nobre Vargas Universidade Federal de Goiás
  • Gustavo Augusto Assis Faustino Universidade Federal de Goiás
  • Fernanda Silva Fernandes Universidade Federal de Goiás
  • Anna Maria Canavarro Benite Universidade Federal de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.26512/ser_social.v20i43.18864

Palavras-chave:

proteção de pele, mídia, ensino de Química, mulheres negras

Resumo

A exposição solar proporciona sensação de bem-estar físico, estimula a produção de melanina e a síntese de vitamina D pelo organismo. As civilizações antigas da África utilizavam base de mamona, extrato de magnólia, jasmim e óleo de amêndoas como protetores solares. Com características de uma pesquisa participante, este estudo teve como objetivo aproximar alunas/os do Ensino Médio de cientistas negras contemporâneas. Os resultados estabeleceram um diálogo sobre as radiações ultravioletas que incidem sobre a Terra pelos raios solares. Pessoas de pele negra representam a maioria da população do Brasil e, ainda assim, a veiculação de comerciais sobre protetores solares apresentam como alvo somente o corpo branco. A/o aluna/o reconhece o fenômeno da estratificação racial da população como construção ideológica realizada por meio de um conjunto de práticas materiais de discriminação racial. Portanto, cabe-nos como professoras/res de Química e sujeitos desta sociedade mediar o discurso que combata o racismo na educação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Regina Nobre Vargas, Universidade Federal de Goiás

Graduada e Mestra em Química pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Doutoranda do Programa de Pós-Graduação de Química da UFG e faz parte do Grupo de Estudos sobre a Descolonização do Currículo de Ciências do IQ-UFG (Coletivo CIATA), integrante do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão
(LPEQI), do Instituto de Química da UFG. Atua na área de Ensino de Química com foco nos temas: cultura e história africana no ensino de ciências, ensino de ciências de matriz africana e da diáspora, políticas de ações afirmativas e feminismos negros

Gustavo Augusto Assis Faustino, Universidade Federal de Goiás

Aluno do curso de Licenciatura em Química na Universidade Federal de Goiás e de Mobilidade Internacional na Universidade de Coimbra- Portugal. Integrante do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão do Instituto de Química (LPEQI) vinculado ao Núcleo de Pesquisa em Ensino de Ciências (NUPEC/IQ/UFG). Técnico em Química pelo IFG/Campus Inhumas (2014). Atua na área de Ensino de Química com foco
nos seguintes temas: cultura e história africana no ensino de ciências, ensino de ciências de matriz africana e da diáspora, políticas de ações afirmativas e feminismos negros

Fernanda Silva Fernandes, Universidade Federal de Goiás

Graduanda do curso de Licenciatura em Química pela Universidade Federal de Goiás. Aluna de iniciação científica do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão do Instituto de Química (LPEQI-IQ) vinculado ao Núcleo de Pesquisa em Ensino de Ciências (NUPEC/IQ/UFG), onde faz parte do projeto de pesquisa Investiga Menina!.

Anna Maria Canavarro Benite, Universidade Federal de Goiás

Doutora e mestre em Ciências e Licenciada em Química (UFRJ/2005). Professora Associada e Coordenadora do PIBID Química da Universidade Federal de Goiás. Coordenadora do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão (LPEQI) da UFG (2006) onde instituiu em 2009 o Grupo de Estudos sobre a Descolonização do Currículo de Ciências (Coletivo Ciata). Ativista do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado. Membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR). (2016/2018). Coordenadora da Rede Goiana Interdisciplinar de Pesquisas em Educação Inclusiva (RPEI). Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Ensino de Ciências e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as. Atua na área de Ensino de Química com foco nos seguintes temas: cultura e história africana no ensino de ciências, ensino de ciências de matriz africana e da diáspora, cibercultura na educação inclusiva e políticas de ações afirmativas.

Referências

ALAKIJA, A. Mídia e identidade negra. In: BORGES, R. C.; BORGES, R. S. Mídia e Racismo. Petrópolis-RJ: ABPN, 2012, p. 108-153

BALOGH, T. S.; VELASCO, M. V. R.; PEDRIALI, C. A.; KANEKO, T. M; BABY A. R. Proteção à radiação ultravioleta: recursos disponíveis na atualidade em fotoproteção. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 86, n. 4, p. 732-742, 2011.

BENITE, A. M. C.; BASTOS, M. A.; CAMARGO, M. J. R.; VARGAS, R. N.; LIMA, G. L. M.; BENITE, C. R. M. Ensino de Química e a Ciência de matriz africana: uma discussão sobre as propriedades metálicas. Química Nova na Escola, v. 2, p. 131-141, 2017.

BORGES, R. S. Mídia, racismos e representações do outro. In: BORGES, R. C.; BORGES, R. S. Mídia e Racismo. Petrópolis-RJ: ABPN, 2012, p. 64-83.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores Sociais Municipais, 2010.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. A camada de ozônio. 2016. Disponível em: Acesso em: 12/07/2017.

CARNEIRO, S. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.

CHAVES, M. L. B. O negro na mídia brasileira. Monografia. Brasília: UniCeub, 2008.

CABRAL, L. D. S.; PEREIRA, S. O. P.; PARTATA, A. Filtros solares e fotoprotetores mais utilizados nas formulações no Brasil. Revista Científica do ITPAC, v. 4, n. 3, 2011.

COSTA, M. L.; SILVA, R. R. Ataque à pele. Química Nova na Escola, n. 1, p. 3-7, 1995.

COSTA, K. R. B. De quando a pluralidade revela a invisibilidade. In: BORGES, R. C.; BORGES, R. S. Mídia e racismo. Petrópolis, RJ: ABPN, 2012, p. 40-63.

DEMO, P. Pesquisa participante: saber, pensar e intervir juntos. Brasília: Liber, 2004.

DORIA, R. S.; ALVES, E. N.; MENEZES, K. M. P.; TOMASSINI, T. C. B. Proteção solar, uma questão de saúde pública: avaliação das informações contidas nos rótulos dos protetores solares mais comercializados no Brasil. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 68, p. 482-487, 2009.

EID, R. T.; ALCHORNE, M. M. A. Câncer na pele negra. Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, v. 9, p. 418-422, 2011.

ENGELSTEIN, M. É tudo uma questão de pele. Veja, ed. 1.947, 2006.

FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. A. Protetores solares. Química Nova, v. 30, n. 1, p. 153-158, 2007.

FREIRE, Gilberto. Escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. São Paulo: Nacional, 1979.

GOOGLE IMAGENS. O sol na pele. Fonte: https://i2.wp.com/files.rtelemoveis.webnode.pt/ 200000048-af704afea7/grafico%20telemovel. g i f Acesso: 16/07/2017.

GOOGLE IMAGENS. Espectro eletromagnético. Disponível em: . Acesso em: 16/07/2017.

GOOGLE IMAGENS. Propagandas. Fonte: . Acesso: 03/07/2017.

GOMES, N. L. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão. In: HENRIQUES, R. (Org.) Educação antirracista: caminhos abertos pela Lei Federal nº 10.639/03. Brasília: Secad/MEC, 2005, p. 39-62.

INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Protetor Solar. Disponível em: . Acesso em: 19/08/2016.

IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada et al. Retrato das desigualdades de gênero e raça. 4. Brasília: Ipea, 2011.

LINARDI, F. Protetor solar: egípcios e gregos tinham curiosas maneiras de filtrar os raios do sol. São Paulo, 2009. Disponível em: . Acesso em: 25/08/2016.

LIMA, M. E. O; VALA, J. As novas formas de expressão do preconceito e do racismo. Estudos de Psicologia, v. 9, n. 3, p. 401-411, 2004.

LUZIN, R. M. Metodologias para verificação da estabilidade térmica e fotoelétrica de estruturas absorvedoras de radiação UV. 2011. 91f. Dissertação (Mestrado em Química). Goiânia-GO: UFG, 2011.

MELO, M. R.; FONSECA, A. P. N. D. Desenvolvimento de uma loção fotoprotetora, avaliação da estabilidade e determinação in vitro do FPS. Perquirere (Unipam), v. 1, p. 81-97, 2012.

MILESI, S. S.; GUTERRES, S. S. Fatores determinantes da eficácia de fotoprotetores. Cadernos de Farmácia, v. 2, n. 18, p. 81-87, 2002.

NASCIMENTO, L. F.; SANTOS, E. P.; AGUIAR, A. P. Fotoprotetores Orgânicos: Pesquisa, Inovação e a Importância da Síntese Orgânica. Revista Virtual de Química, v. 6, n. 2, p. 190-223, 2014.

PEREIRA, J. M. N. Colonialismo, racismo, descolonização. Estudos Afro-Asiáticos, n. 2, 1978.

PINHO. J. J. R. G.; FREITAS. T. S.; PINHO. D. J. M. R.; ALVES. M. S.; SOUSA. O. V.; Determinação do fator de proteção solar in vitro de produtos magistrais na forma de gel. Avaliação dos aspectos sensoriais e físico-químicos. HU Revista, v. 40, n. 1 e 2, p. 81-88, 2014.

TOFETTI, M. H. F. C.; OLIVEIRA, V. R. A importância do uso do filtro solar na prevenção do fotoenvelhecimento e do câncer de pele. Revista Científica da Universidade de Franca, v. 5, n. 1, p. 59-66, 2006.

RETONDO, C. G.; FARIA, P. Química das sensações. Campinas-SP: Átomo, 2014.

ROMÃO, J. M. Os séculos XX e XXI: o caminho em direção à igualdade. In: CARDOSO, P. J. F.; RASCKE, K. L. (Org.) Formação de professores: produção e difusão de conteúdos sobre História e Cultura afro-brasileira e africana. Florianópolis-SC: Dioesc, 2014. p. 225-242.

SANT’ANA, A. O. História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados. In: MUNANGA, K. (Org.) Superando o racismo na escola. Brasília: MEC-Secad, 2005. p. 39-67.

SANTOS, N. J. V. A desigualdade no “topo”: estratificação racial e o efeito da “cor” sobre os rendimentos de empregadores negros e brancos no Brasil. 2016. 202f. Tese (Doutorado em Sociologia). Goiânia-GO: UFG, 2016.

SEPÚLVEDA, B. T.; DURÃES, S. J. A. Raça e estratificação no Brasil. CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Niterói-RJ: Aninter-SH/PPGSD-UFF, 2012.

SILVA, C. S. Fotoproteção: um cuidado para todos os tipos de pele. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Farmácia). Criciúma-SC: Universidade do Extremo Sul Catarinense, 2009.

SILVA, M. L. da. Ciência, raça e racismo: caminhos da eugenia. In: SILVA, M. L. da (Org.) Ciência, raça e racismo na modernidade. Santa Cruz do Sul-RS: Edunisc, 2009a, p. 13-62.

SILVA, A. L. A.; SOUSA, K. R. F.; SILVA, A. F.; FERNANDES, A. B.; MATIAS, V. L.; COLARES, A. V. A importância do uso de protetores solares na prevenção do fotoenvelhecimento e câncer de pele. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia, v. 2, p. 1-8, 2015.

SILVA, R. R.; MACHADO, P. F. L.; ROCHA, R. J.; SILVA, S. C. F. A luz e os filtros solares: uma temática sociocientífica. Revista Virtual de Química, v. 7, n. 1, p. 218-241, 2015a.

SILVA, J. P.; ALVINO, A. C. B.; SANTOS, M. A.; SANTOS, V. L. L.; BENITE, A. M. C. TEM DENDÊ, TEM AXÉ, TEM QUÃMICA: Sobre história e cultura africana e afro-brasileira no ensino de química. Química nova na escola, v. 39, p. 19-26, 2017.

SODRÉ, M. Claros e escuros: identidade, povo e mídia no Brasil. Petrópolis-RJ: Vozes, 1999.

TRINDADE, A. L. O racismo no cotidiano escolar. Rio de Janeiro: FGV /Iesae, Dissertação de Mestrado, 1994.

XAVIER, J. T. P.; XAVIER, P. A. M. A invenção e a reinvenção do estereótipo dos afrodescendentes: o papel da ciência, dos cientistas e dos meios de comunicação na formação e articulação do discurso da intolerância. In: KUNSCH, M. M. K.; FISCHMANN, R. (Org.) Mídia e tolerância: a ciência construindo caminhos de liberdade. São Paulo: USP, 2002.

YAMAGUCHI, Y.; BEER, J. Z.; HEARING, V. J. Melanin mediated apoptosis of epidermal cells damaged by ultraviolet radiation: factors influencing the incidence of skin cancer. ArchDermatol Research, v. 300, p. 43-50, 2007.

Downloads

Publicado

13-11-2018

Como Citar

VARGAS, Regina Nobre; FAUSTINO, Gustavo Augusto Assis; FERNANDES, Fernanda Silva; BENITE, Anna Maria Canavarro. Protetores solares, pele negra e mídia em aulas de química. SER Social, Brasília, v. 20, n. 43, p. 348–371, 2018. DOI: 10.26512/ser_social.v20i43.18864. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/SER_Social/article/view/18864. Acesso em: 21 nov. 2024.