De Ben a Ben Jor: hibridismo e trânsitos simbólicos na trajetória do cantor Jorge Ben Jor
DOI :
https://doi.org/10.26512/cmd.v4i1.9180Mots-clés :
música popular; cultura popular de massa; mundialização; modernização; memória.Résumé
Este texto toma o hibridismo estético da obra de Jorge Ben Jor como elucidativo dos trânsitos simbólicos operados pelo cantor brasileiro que, desafiando circunscrições espaço-temporais tradicionais, tornam o artista um emblema do processo de mundialização da cultura, na medida em que conformam uma materialidade estética calcada na superposição entre local, nacional e mundial. Neste sentido, o “caldeirão de referências musicais” que se apresenta como insumo à criatividade artística do cantor ”• estendendo-se da música etíope apresentada pela mãe, chegando ao rock estadunidense de Little Richard e passando pelos sambas-enredos da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro ensinados pelo pai ”• nos servirá de subsídio para problematizarmos o processo de industrialização do simbólico no Brasil e a interface impreterível que forma em relação ao tema da cultura “popular”, que é ressignificada, articulando-se a um folclore aluvial cuja principal característica é a mestiçagem do ambiente urbano. Assim, a trajetória de Jorge Ben Jor, como lugar idiossincrático onde se cruzam o “intimismo civilizado” da bossa nova e a “expansividade festiva” do samba-enredo, aparecerá como figuração da articulação entre o popular e a mundialização da cultura.
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