Procissão de São Raimundo dos Mulundus:
o santo vaqueiro
DOI :
https://doi.org/10.26512/cmd.v9i1.43191Mots-clés :
Procissão, Festejo de São Raimundo do Mulundus, Fé, Tradição, MaranhãoRésumé
A fé é o que alimenta as fotografias realizadas por Marcus Ramusyo de Almeida Brasil durante a Procissão do Festejo de São Raimundo do Mulundus, em 22 de agosto de 2012. A procissão perfaz um caminho de 7 quilômetros da cidade de Vargem Grande – MA, até o povoado de Paulica, onde é rezada uma missa e são realizadas diversas atividades de socialização, quando então os romeiros retornam à paróquia da cidade de Vargem Grande. A figura do vaqueiro montado a cavalo, com suas vestes de couro, que segue em procissão com outros tantos, revela o aspecto cultural da fé. A presença de jovens, velhos e crianças reforça a continuidade desta manifestação, que tal como tantas outras da cultura maranhense, mostra-se em toda sua vitalidade a partir do reencenar constante das tradições, e, nas tradições, as práticas que delas emergem. Tradições estas que longe de pertencerem ao passado, indagam o futuro a partir das vivências e experiências que transformam o presente. O festejo começa às 05 horas da manhã com o toque da alvorada, conduzida pela Dona Nini, guardiã das liturgias da procissão de São Raimundo Nonato dos Mulundus, realizada no dia 22 de agosto de cada ano, na cidade de Vargem Grande, Maranhão, Brasil. Devotos, romeiros e vaqueiros a cavalo já esperam a hora de iniciar a procissão. Pessoas peregrinam de todas as partes do Maranhão e de outros estados do Brasil para prestar devoção, fazer e pagar promessas ao santo popular, adotado e sincretizado pela igreja católica. Nos dias 30 e 31 de agosto acontece o encerramento da festa, com o seu desenrolar mais profano. A história de São Raimundo Nonato dos Mulundus está envolta em narrativas de mistério, fé e devoção, no contexto das crenças populares e das práticas performáticas socioculturais que as engendram. Raimundo Nonato Soares Cangaçu nasceu em 31 de outubro de 1700, no povoado de Vargem Grande. Veio a falecer no dia 31 de agosto de 1732. Revela a memória coletiva que o vaqueiro Raimundo Nonato estava cavalgando em velocidade pelas matas quando bateu com seu cavalo em uma árvore. Tanto ele quanto seu cavalo ficaram combalidos, ali pereceram e morreram. No entanto, ao entrar em estado de decomposição, em vez de feder e ser comido pelos vermes, o corpo de Raimundo Nonato se santificara, emanava, então, perfume de flores. Nasceu, ali, linda vegetação. O local de sua morte tornou-se lugar de peregrinação com o passar do tempo. Seu nome se manteve forte no imaginário popular do sertanejo da região, vindo a se tornar o santo protetor dos vaqueiros e daqueles que vivem nos rincões do Maranhão profundo, através de quase 300 anos de tradição.
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