Memória, Afeto e Criação
as transas do grupo baiano, da bossa nova à discoteca – Uma síntese
DOI:
https://doi.org/10.26512/cmd.v9i2.47653Palabras clave:
Transa, Grupo Baiano, Trajetória, Memória, Afeto, CriaçãoResumen
Nesta análise sobre o ato de criação, predomina a ideia de que a criação ocorre a partir dos encontros. Admitindo-se que pensar é
criar, chega-se à noção de que os encontros, embalados e/ou deflagrados pela experiência da mobilização afetiva, são propulsores do pensamento e do ato de criar – o que nos leva a considerar que, se os afetos induzem à criação, esta é o motor a movimentar os agentes em suas experiências existenciais. É o que os impele em suas trajetórias no mundo social, num movimento único e permanente de influências entre suas disposições subjetivas e as circunstâncias objetivas que os envolvem (sem que seja possível identificar em tal movimento noções de início ou de fim, nem tampouco especulações sobre o ponto de partida onde se iniciaria a influência das disposições sobre as circunstâncias – ou vice-versa). Os encontros, enquanto unidades básicas dessa equação social e simbólica, e considerando-se as potências advindas de suas implicações afetivas, levam a pensar no estabelecimento de uma nova categoria analítica: a “transa”, que sintetiza em si os três elementos básicos desta pesquisa – memória, afeto e criação. Os agentes “transam” entre si, estabelecendo trocas simbólicas nas quais, de acordo com o movimento único e permanente citado acima, fornecem e absorvem sentidos, afetando e sendo afetados, constituindo um acúmulo informacional que lhes munirá o habitus com as disposições que serão suas “armas” nos embates simbólicos em que se envolverão ao longo de suas trajetórias. Desta maneira, o objetivo é elaborar uma compreensão sobre a formação e a trajetória do Grupo Baiano, formado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé. A análise abrange o período que precede a formação do Grupo na Bahia, em fins da década de 1950, no contexto do sucesso da Bossa Nova como fenômeno cultural, até a virada entre as décadas de 1970 e 1980, época que coincide com o estabelecimento definitivo de uma cultura popular de massas no Brasil (cujo exemplo é a massificação das telenovelas e do fenômeno da Disco Music, ou discoteca) e, consequentemente, do estabelecimento dos artistas componentes do Grupo Baiano como figuras de autoridade na música popular brasileira e no cenário pop nacional.
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