Tempo, Memória, Narrativa e Teoria Sociológica
DOI:
https://doi.org/10.26512/cmd.v4i1.9172Palavras-chave:
Tempo; memória; narrativa; teoria sociológica; campo científico.Resumo
Neste ensaio, parte-se da premissa de que as vivências experimentadas pelos seres humanos no mundo são concebidas, cultivadas, realizadas, compartilhadas, dotadas de significação em relação ao modo como se dá a percepção do tempo. Paul Ricoeur se impõe como um interlocutor fundamental. Tomando e ampliando a descrição agostiniana sobre a memória, ele propõe a noção de tempo intimamente conectada à experiência humana registrada e contada por meio de narrativas. É na mediação e na construção proporcionada pela narrativa que o tempo se torna tempo humano. A memória, assim, pode ser vista menos como um lócus depositário das lembranças, e mais como matéria-prima a partir da qual se constroem narrativas, assim como as narrativas constituem-se como matéria-prima a partir da qual se constroem memórias. Do ponto de vista sociológico, será posta em discussão a concepção de Pierre Bourdieu, demonstrando como para este autor a percepção do tempo é muito mais do que algo pertencente ao âmbito psicológico; é, antes, algo construído socialmente. Problematizar a teoria sociológica como um tipo particular e peculiar de narrativa e igualmente questionar que fatores proporcionam as causas e condições para que certas narrativas constituam certas teorias em detrimento de outras, de modo que umas e não outras sejam gravadas na memória de forma duradoura é o objeto que aqui se pretende para discussão.
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Referências
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