População-sacer e democracia racial no Brasil

Autores

  • Mozart Linhares da Silva

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0102-69922017.3203003

Palavras-chave:

Democracia racial; População-sacer; Biopolítica; Eugenia; História.

Resumo

O artigo analisa, a partir das considerações sobre biopolítica de Michel Foucault e Agamben, a construção da população negra como população-sacer no contexto de emergência da chamada ideologia da democracia racial no Brasil na primeira metade do século XX. Problematiza a democracia racial enquanto dispositivo biopolítico a partir do qual o corpo-espécie da população é constituído considerando os princípios eugenistas que propõem a inclusão-exclusiva da população negra na construção da narrativa identitária nacional bem como problematiza a miscigenação como estruturante da eugenia nacional no período. Destaca, nos anos 1930, a efetiva emergência da biopolítica no Brasil, chamando a atenção para os saberes estatísticos no processo de formação do corpo-espécie da população, desdobrado da política de branqueamento e da neutralização do racismo, traduzidos na democracia racial como elemento constitutivo da nacionalidade brasileira. A democracia racial se institui como elemento fundamental da narrativa identitária nacional a partir da qual não somente se nega o racismo, mas se mobilizam estratégias de branqueamento da população em que os processos de subjetivação étnico-raciais são contornados pela dinâmica da mestiçagem. Um dos desdobramentos desta dinâmica da mestiçagem foi a  pardificação da população, como fica evidente nos censos a partir dos anos 1940. 

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Biografia do Autor

Mozart Linhares da Silva

Doutor em história pela PUC-RS, pós-doutor em educação pela UFRGS, professor do Programa de
Pós-graduação em Educação e do Departamento de Hstória e Geografia da Unisc. 

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Publicado

23-02-2018

Como Citar

Silva, M. L. da. (2018). População-sacer e democracia racial no Brasil. Sociedade E Estado, 32(3), 593–620. https://doi.org/10.1590/s0102-69922017.3203003

Edição

Seção

Artigos