Alteridades estranhadas: contradições e potencialidades da forma ser-outra no capitalismo vigente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202136020016

Palavras-chave:

ser-outra; capitalismo; patriarcado; escravidão; trabalho não-remunerado

Resumo

O objetivo desta proposta é lançar uma perspectiva feminista decolonial à teoria marxista da valorização e acumulação de capital, deslocando o acento sobre a relação capital/trabalho (assalariado) para as formas de exploração e opressão laborais não remuneradas; nomeadamente àquelas que se desenvolveram inerentes ao patriarcado racista pela imbricação entre colonialismo, patriarcado e escravidão, cujo rascunho da categoria que estou definindo por ser-outra articula. O intuito é lançar uma perspectivas feminista, partindo da escuta das vozes periféricas e feministas, para seguir radicalizando a questão que, embora ripária, não esteve ausente das preocupações do marxismo em sua diversidade: sobre como as diversas formas laborais não-remuneradas são basilares às cadeias radicais do capitalismo.

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Biografia do Autor

Tábata Berg, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

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Publicado

13-09-2021

Como Citar

Berg, T. (2021). Alteridades estranhadas: contradições e potencialidades da forma ser-outra no capitalismo vigente. Sociedade E Estado, 36(02), 745–769. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202136020016