Relações de trabalho de gerentes de Unidades Básicas de Saúde

aspectos da precarização

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/rgs.v14i3.48172

Palavras-chave:

Emprego, Trabalho, Saúde do trabalhador, Atenção primária à saúde, Sistema Único de Saúde

Resumo

O objetivo do estudo foi compreender as relações de trabalho dos(as) gerentes de atenção básica da capital Maceió, Alagoas. Trata-se de investigação com abordagem qualitativa, desenvolvido a partir de entrevistas semiestruturadas e com a técnica de análise de conteúdo. Foram identificadas quatro categorias de análise: lotação no cargo, necessidade de formação, jornada de trabalho e vencimentos. Os resultados indicaram que as relações de trabalho se mostram ainda muito frágeis, pois são regidas por contratos sem estabilidade do vínculo, que promovem sensação de insegurança com relação a emprego e renda. Identificamos que prevalece o modelo discricionário para provimento desses cargos, sem a publicização dos critérios para seleção e suscetível a influência de interesses político-partidários ou clientelistas, muitas vezes alheios aos objetivos de saúde. A ausência de critérios para seleção e de oferta de uma formação que prepare os(as) gerentes para a função diminui a qualidade do seu desempenho. A remuneração percebida pelo trabalho é insuficiente, gerando insatisfação dos(as) gerentes, que frequentemente a complementam com outras fontes de renda. Consideramos que esses resultados indicam dimensões da precarização do trabalho a que estão submetidos os(as) gerentes de atenção básica.

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Biografia do Autor

Marcos Henrique Oliveira Sousa, Universidade de São Paulo

Mestrando do Programa Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP). Bacharel em Fonoaudiologia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

Luciano Bairros da Silva, Universidad Autónoma de Barcelona

Doutor pelo Programa Persona y Sociedad en el Mundo Contemporáneo, Departamento de Psicología Social, Universidad Autónoma de Barcelona, Espanha. Mestrado em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas. Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas e Centro Universitário Cesmac. Maceió/Alagoas. Brasil. 

Maria Tatiane Alves da Silva, Instituto de Pesquisas Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública do Instituto de Pesquisas Aggeu Magalhães/Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ-PE). Bacharel em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

Lupicinio Íñiguez-Rueda

Doutor em Filosofía y Letras (Psicología), Universidad Autónoma de Barcelona (UAB), Espanha. Catedrático de Psicología Social, Departamento de Psicología Social, UAB. Bellaterra (Cerdanyola del Vallès). Espanha. 

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Publicado

15-05-2024

Como Citar

1.
Oliveira Sousa MH, Bairros da Silva L, Alves da Silva MT, Íñiguez-Rueda L. Relações de trabalho de gerentes de Unidades Básicas de Saúde: aspectos da precarização. Rev. G&S [Internet]. 15º de maio de 2024 [citado 2º de julho de 2024];14(3):321-34. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/48172

Edição

Seção

Artigos Originais