A interseccionalidade desde o Brasil: teias de resistência entre o pensamento de feministas negras brasileiras

Autores

  • Marília Passos Apoliano Gomes
  • Jhêniffer Lopes da Silva UFPI

Palavras-chave:

Interseccionalidade, feminismos negros, pensadoras negras

Resumo

Nesta pesquisa, exploramos a interseccionalidade no contexto brasileiro por meio de diálogos entre Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Djamila Ribeiro, Carla Akotirene, Juliana Borges e Letícia Nascimento. O arcabouço teórico articula estas autoras às Epistemologias do Sul, aos saberes e experiências construídos contra as formas de opressão e ao feminismo decolonial, em uma crítica anticapitalista, anticisheteropatriarcal e antirracista. O objetivo foi compreender como o conceito de interseccionalidade permite analisar as relações entre raça, classe, gênero e sexualidade no Brasil, evidenciando as articulações entre vários eixos de dominação na produção teórica dessas autoras. A pesquisa adota uma abordagem qualitativo-interpretativa, na qual a interseccionalidade se configura simultaneamente como objeto de investigação e como perspectiva teórico-metodológica. Enquanto tema, orienta a análise das formas como autoras negras brasileiras a mobilizam para compreender as relações entre raça, classe, gênero e sexualidade; enquanto método, oferece a lente crítica que guia a leitura comparativa e relacional das produções teóricas publicadas entre 2010 e o
início dos anos 2020.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jhêniffer Lopes da Silva, UFPI

Bacharela em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Piauí.

Referências

AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

ANISTIA INTERNACIONAL. O estado dos direitos humanos no mundo. Brasil: Anistia Internacional Brasil, 2023.

BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo: fatos e mitos. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1960.

BORGES, Juliana. O que é encarceramento em massa? Belo Horizonte: Letramento, 2018.

BORGES, Juliana. Prisões: espelhos de nós. São Paulo: Todavia, 2020.

CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011.

CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.

CARNEIRO, Sueli. Entrevista “Raça, estrutura e classe no Brasil”. Revista Cult, ano 20, n.223, p.18, 2017.

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Intersectionality. Cambridge: Polity, 2016.

CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the intersection of race and sex: a Black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, Chicago, v. 1989, n. 1, p. 139–167, 1989.

CURIEL, Ochy. Crítica poscolonial desde las prácticas políticas del feminismo antirracista. Nómadas, n. 26, p. 92–101, 2007.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Salvador, EDUFBA, 2008.

GOLDENBERG, Mirian. A Arte de Pesquisar: Como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. 8o ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

GONZALEZ, Lélia. Primavera para rosas negras. Organização de União dos Coletivos Pan-Africanistas. Belo Horizonte: União dos Coletivos Pan-Africanistas, 2018.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano: ensaios, intervenções e diálogos. Organização de Flávia Rios e Márcia Lima. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.

GONZALEZ, Lélia; HASENBALG, Carlos. Lugar de negro. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.

GONZALEZ, Lélia. Festas populares no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2024.

hooks, bell. E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo. Tradução de Bhuvi Libânio. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2019.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2019.

LORDE, Audre. Não existe hierarquia da opressão. 1983. Disponível em:

<https://rizoma.milharal.org/2013/03/03/nao-existe-hierarquia-de-opressao-por-audre

lorde>. Acesso em 25 jan. 2021.

LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p. 935-952, 2014.

NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

NASCIMENTO, Beatriz. Uma história feita por mãos negras. Rio de Janeiro: Zahar, 2021a.

NASCIMENTO, Letícia Carolina Pereira do. Transfeminismo. São Paulo: Editora Jandaíra, 2021b.

PAIVA, Álvaro Alberto Andrade. Do aumento dos índices de feminicídio no Brasil: circunstâncias que intensificam os efeitos do delito- discriminação racial e o isolamento social na pandemia do Covid-19. Humanidades & Tecnologia (FINOM), v. 55, n. 1, p. 1–12, 2024.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 117-142.

RATTS, Alex; RIOS, Flávia. Lélia Gonzalez. Coleção Retratos do Brasil Negro. São Paulo: Selo Negro, 2010.

RÊGO, Yordanna Lara Pereira. Reflexões sobre Afronecrotransfobia: políticas de extermínio na periferia. Revista Humanidades e Inovação, v. 6, n. 16, 2019.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017.

RIOS, Flávia; FREITAS, Viviane Gonçalves. Nzinga Informativo: Redes comunicativas e organizacionais na formação do feminismo negro brasileiro. Cadernos Adenauer, São Paulo, n. 1, p. 25–45, 2018.

SANTOS, Silmária Reis dos. Uma decolonialiadade à brasileira: perspectivas decoloniais entre historiadores(as) no Brasil. 2024. Tese (Doutorado em História). UFBA - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 2024.

SANTOS, Sônia Beatriz dos. Feminismo negro diaspórico. Revista Gênero, Niterói, v. 8, n. 1, p. 11-26, set. 2007.

SCHUCMAN, Lia Vainer. Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. São Paulo: Annablume, 2014.

VERGÈS, Françoise. Um feminismo decolonial. São Paulo: Ubu, 2020.

Downloads

Publicado

12/15/2025 — Atualizado em 12/22/2025

Versões

Como Citar

PASSOS APOLIANO GOMES, Marília; LOPES DA SILVA, Jhêniffer. A interseccionalidade desde o Brasil: teias de resistência entre o pensamento de feministas negras brasileiras. Pós - Revista Brasiliense de Pós-Graduação em Ciências Sociais, [S. l.], v. 20, n. 2, p. 28–40, 2025. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/58505. Acesso em: 25 dez. 2025.