A gerontologia e a velhice como uma expressão da questão social: a atuação política das entidades científicas do envelhecimento
Palavras-chave:
velhice, gerontologia, políticas públicas, corporativismo, questão socialResumo
Este artigo analisa a atuação das entidades científicas de gerontologia e geriatria na mediação político-institucional entre as supostas demandas da população idosa e a formulação de políticas públicas e leis específicas da velhice no Brasil. Tidas como autoridades legítimas na produção do discurso científico sobre o envelhecimento, estas entidades atuam como representantes dos(as) idosos(as) junto ao Estado e a sociedade civil, contribuindo para a construção de novas definições de velhice, como a de terceira idade. Fundado nos novos recursos e técnicas de tratamento possibilitados pelas ciências da saúde, o caráter ideológico do termo terceira idade acaba por reinventar a velhice e, mais do que prevenir, termina por negá-la. Esta pesquisa utilizou o método qualitativo, com a realização de entrevistas, análise documental e observação participante e o marco teórico utilizado nas análises foi o marxismo, também chamado de materialismo histórico. Por fim, constatou-se que as entidades científicas de gerontologia e geriatria atuam de maneira corporativista, desconsiderando demandas fundamentais da população idosa, como a melhoria do poder de compra da aposentadoria. Com isso, reacende o debate sobre a questão social na sociedade capitalista, tendo na velhice pauperizada uma expressão direta do embate entre capital e trabalho.
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