O lugar das emoções na atuação dos professores de sociologia no ensino médio
Palavras-chave:
professores, emoções, ensino de sociologiaResumo
Podemos afirmar que a docência foi considerada uma atividade nobre no Brasil até em torno da década de 1950, quando a percepção coletiva foi alterada pelas crescentes denúncias sobre os salários e as condições de trabalho dos professores. Atualmente, com boa parte dos docentes vivenciando contextos de frustração e esgotamento, observa-se uma crise de identidade profissional, configurada por altos números de adoecimento ocupacional e de abandono de carreira. O trabalho apresentado aqui parte do pressuposto de que ao longo do século XX, especialmente com a predominância das mulheres no exercício da profissão, a identidade docente foi construída presumindo um intenso envolvimento afetivo com o trabalho, além do desempenho de comportamentos emocionais e morais específicos. A partir de entrevistas realizadas com dez professoras de Sociologia, que atuam na educação básica do estado do Rio de Janeiro, observamos que, na experiência delas, o ensino da disciplina exige a construção de vínculos emocionais intensos, assim como um grande investimento e desempenho moral. Utilizando referências do campo da antropologia das emoções, compreendemos os sentimentos como discursos que moldam e são moldados pela vida social, o que nos possibilita demonstrar como os relatos de desgaste e esgotamento emocional operam na própria construção da identidade do professor de Sociologia.
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