“Eu sou do tipo que não desisto”: a construção de narrativas para pensar antropologia e a epidemia do Zika em Pernambuco

Autores

  • Barbara Marciano Marques PPGAS-UnB

Resumo

As narrativas têm o poder de alinhavar, costurar e tecer histórias. Ao tecer uma história, os elementos que escolhemos para contá-la são colocados em uma ordem que faça sentido. A narrativa constitui-se como uma importante forma de comunicação, através da qual contamos sobre experiências e também aproximamos pessoas das experiências narradas. Pensando que as narrativas promovem e nos fazem compreender experiências, a proposta deste trabalho é contar sobre a epidemia de Zika no estado de Pernambuco através da ficcionalização de uma história, essa qual construída a partir de dados etnográficos. O  propósito é experimentar as possibilidades de afetação da narrativa dentro da antropologia da saúde por meio dessa história, que contará sobre os impactos da epidemia no cotidiano das mães e crianças que ainda sofrem suas consequências. A aposta é perceber como a composição de histórias que tiveram como fonte os dados de campo podem inspirar a reflexão antropológica, promovendo diferentes leituras e possibilidades interpretativas. Sem a intenção de cobrir de modo totalizante o fenômeno da epidemia, a pretensão aqui é antes valorizar narrativas em nuances pouco audíveis e potencialmente esquecíveis. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde. “Monitoramento integrado de alterações no crescimento e desenvolvimento relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infecciosas”. Boletim epidemiológico, vol. 49, nº. 59.

______. “Monitoramento dos casos de arboviroses urbanas transmitidas pelo Aedes Aegypti (dengue, chikungunya e zika)”. Boletim

epidemiológico, vol. 51, nº. 22.

______. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika: situação epidemiológica, ações desenvolvidas e desafios, 2015 a 2019. Boletim Epidemiológico, nº. 50, p. 1-31, 2019.

______. Boletim Epidemiológico. Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde, vol. 52, nº. 4, 2021.

BRUNER, JEROME. “Life as Narrative.” Social Research, vol. 54, nº. 1, p. 11-32, 1987.

______. The Narrative Construction of Reality. Critical Inquiry, JSTOR, vol. 18, nº. 1, p. 1-21, 1991.

BURY, Michael. Chronic illness as biographical disruption. Sociology of Health and Illness, vol. 4, nº. 2, p. 167-182, 1982.

DINIZ, Debora. Vírus Zika e mulheres. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol. 32, nº. 5, p. 1-4, 2016.

FLEISCHER, Soraya. Introdução In: FLEISCHER, Soraya; LIMA, Flávia. Micro: contribuições da antropologia. (Org) Brasília: Athalaia, 2020, p. 17-36.

GARRO, Linda. Narrative representations of chronic illness experience: cultural models of illness, mind, and body instories concerning the Temporomandibular Joint (TMJ). Social Science & Medicine, vol. 38, nº. 6, p. 775-788, 1994.

______. Narrating troubling experiences. Transcultural Psychiatry, vol. 40, nº. 1, p. 5-44, 2003.

HYDEN, Lars Christer. Illness and narrative. Sociology of health and illness, vol. 19, nº. 1, p. 48-69, 1997.

KLEINMAN, Arthur. Illness narratives: Suffering, healing and the human condition. New York: Basic Books, 1988.

KOFES, S. Experiências sociais, interpretações individuais: Histórias de vida, suas possibilidades e limites. Cadernos Pagu, nº 3, 2007, p. 117-141.

KOFES, Suely; MANICA, Daniela. “Apresentação” e “Narrativa biográficas: que tipo de antropologia isso pode ser?”. In ______. (Orgs.). Vida & grafias: narrativas antropológicas entre biografia e etnografia. Rio de Janeiro: Lamparina, 2015, p. 16-39.

LUSTOSA, Raquel. “Uma Boa Mãe de Micro” – Uma Análise da Figura da Boa Mãe Presente no Contexto da Síndrome Congênita do Zika Vírus. In: SCOTT, Parry; LIRA, Luciana; MATOS, Silvana. Práticas sociais no epicentro da epidemia do Zika. Recife: Ed. UFPE, 2020.

MARQUES, Barbara. “Benefícios” In: FLEISCHER, Soraya; LIMA, Flávia. Micro: contribuições da antropologia. (Org) Brasília: Athalaia, 2020. p. 136-149.

RECK, Gregory. "Narrative anthropology", Anthropology and humanism, vol.8, nº 1, 1983, p.8-12.

RICOUER, Paul. "Narrative time". In: MITCHELL, William John Thomas. (Org.). On narrative. Chicago: Chicago University Press, 1981, p. 165-186.

VALIM, Thais Maria Moreira. Um olhar antropológico sobre a sociabilidade de bebês nascidos com a Síndrome Congênita do Zika Vírus em Recife/PE: “ele sente tudo o que a gente sente”. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Sociais) – Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

Downloads

Publicado

05/17/2021

Como Citar

MARCIANO MARQUES, Barbara. “Eu sou do tipo que não desisto”: a construção de narrativas para pensar antropologia e a epidemia do Zika em Pernambuco. Pós - Revista Brasiliense de Pós-Graduação em Ciências Sociais, [S. l.], v. 16, n. 1, 2021. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/38012. Acesso em: 19 abr. 2024.