Uma breve reflexão sobre a anistia, imunidade e a memória

Autores

  • José Manuel González Cruz (PPGCEPPAC/UnB) (PPGCEPPAC/UnB)

Palavras-chave:

Anistia, Memória, Militarismo, América Latina

Resumo

Este artigo é uma breve reflexão sobre a relação entre a anistia, a memória e o esquecimento no contexto de transições democráticas na América Latina. Os livros, os artigos acadêmicos e as consultas técnico-legais sobre transições democráticas estão cheios de datas importantes, estatísticas de mortes e desaparecidos. Estes aspectos são geralmente discutidos dentro do âmbito e da linguagem das Relações Internacionais e do Direito onde são analisados tratados, convênios e guerras. Porém, quando se fala de torturados e mortos os textos se envolvem num véu metafísico de incerteza e esquecimento. Se nos períodos de autoritarismo se viveu uma espécie de inumanidade, as sociedades latino-americanas sofreram uma desumanização estrutural. Os movimentos de resistência política e ideológica populares foram representados midiaticamente de formas imprecisas, criando opiniões divergentes. Essas memórias construídas são vagas em certos atores, e, em outros, mais claras, vivas e relevantes. Isto poderia ser um dos elementos contraditórios fundamentais do legado do militarismo. Nas transições de governos militares para democracias, as leis de anistia formaram parte das discussões e do processo de formação da memória. Argumentaremos junto a alguns autores que o conceito de anistia é um eufemismo que leva à impunidade crimes cometidos contra os direitos humanos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BRITO, Alexandra Barahona. Justicia transicional e a política da memoria: uma visão global. Revista Anistia e Justiça de Transição, n. 1, 2009.

CANTON, Santiago. Leis de anistia. Justiça de transição: Manual para América Latina. Brasília; Nueva York: Centro Internacional para la Justicia de Transición, 2011.

FICO, Carlos. A Negociação parlamentar da anistia de 1979 e o chamado perdão aos torturadores. Revista de Anistia e Justiça de Transição, n. 4, 2011.

PACHECO, Mariana Pimentel. Direito à memória como exigência ética: uma investigação a partir de Hans George Gadamer. Revista Anistia e Transição, n. 1, 2009.

RICOUER, Paul. Memory, History, Forgetting, 1992.

RONIGER; SZNADJER. Comparando trajetórias na confrontação dos direitos humanos. In: O legado de violações dos direitos humanos no Cone Sul, 2006. p. 193-215.

ZALAQUETT, José. Confronting human rights violations comitted by former governments: principles applicable and political constraints. In: KRITZ, Neil. Transitional Justice. Washington D.C.: U.S. Institute of Peace Press, 1995. vol. 1.

Publicado

11/25/2014

Como Citar

CRUZ (PPGCEPPAC/UNB), José Manuel González. Uma breve reflexão sobre a anistia, imunidade e a memória. Pós - Revista Brasiliense de Pós-Graduação em Ciências Sociais, [S. l.], v. 13, n. 1, 2014. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistapos/article/view/19551. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê