Racismo estrutural e religioso contra Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro durante a Pandemia do COVID-19

Autores

  • Nathália Vince Esgalha Fernandes Universidade de Brasília - UnB

DOI:

https://doi.org/10.26512/revistacalundu.v6i2.46422

Palavras-chave:

Comunidade de Terreiro, Religiões afro-brasileiras, Racismo Estrutural, Racismo Religioso, Necropolítica, Covid-19

Resumo

No Brasil, o racismo estrutural é uma realidade cotidiana para a população negra. Quando surge uma pandemia como a do COVID-19, essas pessoas estão muito mais expostas ao risco de contrair a doença e, consequentemente, têm mais chances de morrer. O conceito de necropolítica (MBEMBE, 2018) é útil para compreender as relações entre racismo e morte na pandemia. E, de fato, a população negra foi a que mais sofreu com as consequências da doença, tanto em mortalidade quanto de morbidade. As desigualdades também se expressaram, por exemplo, na maior exposição dos trabalhadores negros às chamadas atividades essenciais, e em um menor acesso às informações sobre a pandemia e às redes de suporte necessárias para enfrentar o problema. Guiado pelo racismo estrutural, ou seja, pelas desigualdades raciais que permeiam todas as esferas da sociedade, ficou claro nesse processo o poder de determinar quem deve viver e quem deve morrer. As Comunidades de terreiro são redes de apoio para a população negra e periférica nas comunidades, e que durante a pandemia foram obrigados a se adaptar, criar estratégias de assistência às suas comunidades e ainda enfrentar o aumento da violência contra seu povo, já que são alvos frequentes de ataques racistas. Este trabalho tem como objetivo contextualizar o racismo estrutural, sistêmico e religioso vividos pelo povo de santo, apontando as suas estratégias de sobrevivência em meio à pandemia e a um Estado necropolítico e necrorreligioso governado por uma extrema-direita cristã.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nathália Vince Esgalha Fernandes, Universidade de Brasília - UnB

Doutora em Ciências Sociais pelo Departamento de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brasília, Integrante do Calundu – Grupo de Estudos sobre Religiões Afro-Brasileiras, da Universidade de Brasília. Endereço eletrônico:nathaliavef@gmail.com

Referências

ARENDT, Hannah. Da violência, in ARENDT, Hannah, Crises da república, São Paulo, Perspectiva.1970.

BERSANI, Humberto. Aportes teóricos e reflexões sobre o racismo estrutural no Brasil. Revista Extraprensa, v. 11, n. 2, p. 175-196, 2018.

DOCTORS, O. E. C. D. In Health at a Glance 2021: OECD Indicators. 2021.

FERNANDES, Nathalia Vince Esgalha. A raiz do pensamento colonial na intolerância religiosa contra religiões de matriz africana. Revista Calundu, v. 1, n. 1, p. 117-136, 2017.

FERNANDES, Nathália Vince Esgalha. A discriminação contra religiões afro-brasileiras, um debate entre intolerância e racismo religioso no estado brasileiro. Revista Calundu – Vol., v. 5, n. 2, 2021.

FERNANDES, Nathalia Vince Esgalha. A discriminação consubstancial e os muros mexicanos: um estudo sobre a discriminação contra centro-americanos e caribenhos no corredor migratório México-Estados Unidos. Tese. 2021b.

GIRARD, René. A violência e o sagrado São Paulo, Editora da Unesp, 1990. GORENDER, Jacob. O escravismo colonial. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2010.

GUERREIRO, Clayton; ALMEIDA, Ronaldo de. Negacionismo religioso: Bolsonaro e lideranças evangélicas na pandemia COVID-19. Religião & sociedade, v. 41, p. 49-74, 2021.

HEDGES, Chris. American fascists: The Christian right and the war on America. Simon and. Schuster, 2008.

HERINGER, Rosana. Desigualdades raciais no Brasil: síntese de indicadores e desafios no campo das políticas públicas. Cadernos de Saúde Pública, v. 18, p. S57-S65, 2002. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2002000700007MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1 edições, 80 p. 2018

MERUJE, Márcio; DA SILVA ROSA, José Maria. Sacrifício, rivalidade mimética e “bode expiatório” em R. Girard. Griot: revista de filosofia, v. 8, n. 2, p. 151-174, 2013.

MIRANDA, Ana Paula. A ‘política dos terreiros’ contra o racismo religioso e as políticas ‘Cristofascistas’. Debates do NER, Porto Alegre, ano 21, n. 40, p. 185-192, 2021.

MOURA, Clóvis. Dialética radical do Brasil negro. 2ª ed. São Paulo: Fundação Maurício Grabois; Anita Garibaldi, 2014.

NASCIMENTO, Wanderson Flor do. O fenômeno do racismo religioso: desafios para os povos tradicionais de matrizes africanas. Revista Eixo, v. 6, n. 2, p. 51-56, 2017.

SANTOS, Milene Cristina. O proselitismo religioso entre a liberdade de expressão e o discurso de ódio: a" guerra santa" do neopentecostalismo contra as religiões afro- brasileiras. Dissertação. 2012.

SILVA, Márcia Regina de Lima e PRATES, Ian. Desigualdades raciais no Brasil: um desafio persistente. In Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. Tradução. São Paulo: Editora Unesp, 2015. Acesso em: 29 dez. 2022.

PIEPER, Frederico et al. Necropolítica e sua lógica sacrificial em tempos de pandemia. Estudos Teológicos São Leopoldo v. 60 n. 2 p. 533-553 mai/ago. 2020.

PIEPER, Frederico; MENDES, Danilo. Religião e necropolítica. In Religião em tempos de crise. 2020. REDE DE PESQUISA SOLIDÁRIA [Internet]. Boletim nº34. São Paulo: Rede de Pesquisa Solidária; 2021 Disponível em: https:// redepesquisasolidaria.org/

Downloads

Publicado

2023-01-26

Como Citar

Fernandes, N. V. E. (2023). Racismo estrutural e religioso contra Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro durante a Pandemia do COVID-19. Revista Calundu, 6(2), 19–35. https://doi.org/10.26512/revistacalundu.v6i2.46422

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)