O Ego Amans Entre a Virada Teológica e a Filosofia da Religião
DOI:
https://doi.org/10.26512/2358-82842014e13021Palavras-chave:
ego amans, individuação, virada teológica, tecnologia, religião, fenomenologia. Edmund Husserl, Gilbert Simondon, Jean-Luc MarionResumo
O ego amans é que opera a redução erótica.
Es ta impl ica o t râns i to da subjet ividade
transcendental e seu estudo genético, que desemboca
na crise para a individuação como experiência
amorosa que parte de e retorna para a comunidade.
Essa virada, em essência teológica, é a maneira de
enfrentar a positivização do mundo da vida no
contexto das sociedades pós-industriais e póscapitalistas.
Na primeira parte do artigo, examina-se a
passagem do ego cogito para o ego amans; a
fenomenologia do ego amans; e o ego amans como
superação do positivismo. Contudo, sempre se corre o
risco de que o amor se converta em uma menção vazia
de conteúdo. Como, então, procurar a vigilância
crítica sobre a validade das asserções à s quais dá lugar
sua enunciação? Redução indica a operação pela qual
o vivido se torna esfera de propriedade, é ver como se
efetua a encarnação do amor como processo de
individuação. Esta encarnação que individua acontece
na dialética entre eros e ágape; esta dialética dá lugar
a um projeto de formação da individuação da carne.
Assim, a redução erótica exige a volta em e pela
experiência pessoal do Deus do amor, seja como eros,
seja como ágape. Esses são dois pólos da experiência
do ego amans em sua constituição de sentido de si
mesmo e dos valores de comunidade e de cultura. É
possível pensar em toda essa operação em que se
instala o ego amans sem recorrer a um mundo da vida
que se nos dá tanto técnica quanto tecnologicamente?
A hipótese que se sustenta é de que a religião
enquanto religação exige a volta ao si mesmo na
concreção de seus processos de individuação. É, então,
o indivíduo que, ao saber dizer sim ou saber dizer não à técnica e à tecnologia acha sua serenidade; e a acha,
precisamente, porque descobre a aesthesis como
forma de voltar a criar e projetar um sentido de vida
em um mundo tecnologizado que se faz cruel e se
desumaniza em relações mecânicas, incluindo as
operações comerciais e financeiras. Daí, então, que a
experiência individuante do ego amans consista, hic et
nunc, em exibir a tecnicidade como reencantamento do
mundo. Que fica para o ego amans como esfera de
extensão de sua individuação? Em suma, a tripla
relação: liberdade, mal, Deus.
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