BIOÉTICA COMO CASUÍSTICA E COMO HERMENÊUTICA

Autores

  • José Junges Universidade do Vale dos Sinos

DOI:

https://doi.org/10.26512/rbb.v1i1.8040

Palavras-chave:

Casuística. Principialismo. Hermenêutica. Retórica. Taxionomia de caso

Resumo

A bioética desenvolveu-se, no seu início, a partir do paradigma do principialismo proposto pela obra de Beauchamp e Childress, Principles of Biomedical Ethics. Mais aos poucos foram surgindo críticas à tirania dos princípios. A crítica mais contundente foi levantada por Jonsen e Toulmin com o livro The Abuse of Casuistry em que contrapõem ao principialismo o paradigma da casuística. Para eles, a metodologia adequada para a Bioética é a análise de casos e não a aplicação de princípios. Por isso tentam recuperar a importante e florescente casuística do início dos tempos modernos, libertando-a dos seus abusos. O artigo apresenta essa discussão, mostrando a importância da metodologia da análise de casos para a solução de problemas ao nível da ética clínica. Oferece as críticas ao paradigma da casuística, apontando para a necessidade da hermenêutica como corretivo dos seus possíveis excessos e desvios. Para não cair num puro convencionalismo moral é importante interpretar os pressupostos que fundamentam as soluções concretas. Por isso é conveniente que a bioética tenha duas faces complementares: uma casuística, para chegar a decisões práticas e eficientes; e outra hermenêutica, que traz à luz as pré-compreensões teóricas que sustentam essas decisões.

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Biografia do Autor

José Junges, Universidade do Vale dos Sinos

UNISINOS, São Leopoldo/RS,Brasil.

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Como Citar

Junges, J. (2005). BIOÉTICA COMO CASUÍSTICA E COMO HERMENÊUTICA. Revista Brasileira De Bioética, 1(1), 28–44. https://doi.org/10.26512/rbb.v1i1.8040

Edição

Seção

Artigos Originais