Análise do ensino da morte e do morrer na graduação médica brasileira
DOI:
https://doi.org/10.26512/rbb.v15.2019.23286Palavras-chave:
Morte, Universidades, Brasil, Educação Médica, TanatologiaResumo
No Brasil, as concepções sobre a morte modificaram-se por diversas vezes ao longo da história, inclusive no que tange ao processo de formação médica. No século XX, a instituição do modelo médico biotecnicista e hospitalocêntrico acarretou num profundo distanciamento da categoria em relação à finitude, cujo estudo baseia-se nos fenômenos da tanatologia. O ato de morrer, que antes era tido como natural e tinha curso no leito domiciliar, ocorre desde então nos leitos de hospitais, e cabe ao médico a função de combatê-lo a qualquer custo. Para o profissional da saúde, a busca pela cura muitas vezes supera a do cuidado, e quando essa primeira prática não é mais possível, a frustração resultante pode ocasionar num intenso esgotamento físico e mental conhecido como síndrome de Burnout. Quanto ao doente, as consequências desse processo podem ser ainda mais onerosas, principalmente no que se refere ao prolongamento de sua dor e sofrimento. Com base nesses aspectos, o objetivo desta pesquisa foi o de investigar a inserção do estudo da morte nas 50 melhores universidades de medicina do país, conforme o ranking da Folha (RUF) divulgado em 2017. Trata-se, portanto, de um estudo de base documental do tipo qualitativo-descritivo, e que possibilitou evidenciar um profundo déficit quanto à capacitação dos estudantes para o processo de morte e cuidado com o paciente moribundo.
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