O AGONISMO POLÍTICO E SUA CORRELAÇÃO COM A CONSTRUÇÃO DE UMA CIDADANIA RADICAL
DOI:
https://doi.org/10.26512/pl.v12i26.48235Palavras-chave:
Adversário. Antagonismo. Cidadão. Inimigo. Relações Agonísticas.Resumo
A democracia radical é uma teoria política que tem como problema central o dilema do plural. Tal dilema consiste no entendimento da política democrática como locus de antagonismos. Nesse sentido, os antagonismos podem ser caracterizados pela forte oposição conflitiva entre nós/eles. Entretanto, para Chantal Mouffe (1995a; 1995b; 2015), o antagonismo não precisa ser aniquilador. As relações agonísticas são relações que mantém em aberto o conflito antagônico sem necessariamente levar à aniquilação. Isso porque as relações agonísticas transformam as relações de inimigos (antagonismos) em relações de adversários. Essa transformação adversarial ocorre necessariamente pelo reconhecimento de um fundamento comum a todos. Ademais, a transformação adversarial desemboca diretamente numa nova concepção de cidadão que passa a ser um termo médio e ao mesmo tempo um termo mediador das relações agonísticas. Assim, o presente trabalho apresentará as formulações teóricas da democracia radical, a fim de apresentar a concepção de cidadão dessa corrente teórica. Isso é, será feito uma exegese das principais obras de Chantal Mouffe ressaltando os conceitos centrais e a cadência lógica que reverbera na noção de cidadão radical.
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