O ARGUMENTO DA ALUCINAÇÃO E O ENATIVISMO SENSORIOMOTOR
DOI:
https://doi.org/10.26512/pl.v11i23.44418Palavras-chave:
Enativismo. Teoria da percepção. Argumento da alucinação. Dados dos sentidos. Filosofia da mente.Resumo
Segundo o enativismo sensoriomotor, como elaborado por Alva Noë em Action in Perception (2004), a percepção se dá a partir do conhecimento das contingências sensoriomotoras, ou seja, de como o fluxo da sensação muda conforme um perceptor se movimenta e interage com o ambiente. Esta tese implica um comprometimento com o chamado realismo direto, segundo a qual a percepção nos põe em contato direto com o mundo. O argumento da alucinação conclui o contrário disto, que somente é possível ter contato perceptivo com o mundo através de entidades mentais, não diretamente. A principal premissa deste argumento é que alucinações são fenomenologicamente indistinguíveis de percepções verídicas. O objetivo deste texto é responder, a partir do enativismo, ao argumento da alucinação, argumentando a favor de uma concepção realista direta da percepção. Para isto, é argumentado que se segue da concepção enativista que alucinações sempre podem ser distintas fenomenologicamente de percepções verídicas.
Downloads
Referências
AIZAWA, Kenneth. Desafio empírico a teorias dinâmicas de percepção e emoção. In: COELHO, J., e BROENS, M. (eds.) Encontro Com As Ciências Cognitivas: Cognição, Emoção e Ação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015, pp. 147-167.
AUSTIN, John. Sentido e Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
AYER, Jules. The Foundations of Empirical Knowledge. London: Macmillan, 1940.
AYER, Jules. Has Austin refuted the sense-datum theory? Synthese, v. 17, n. 2, 1967, pp. 117-
Disponível em: http://www.jstor.org/stable/20114547. Acesso em 15 abr. 2022.
BACH-Y-RITA, Paul. Brain Mechanisms in Sensory Substitution. New York: Academic Press, 1972.
BACH-Y-RITA, Paul. Substitution sensorielle et qualia. In: PROUST, J. (ed.) Perception et Intermodalité. Paris: Presses Universitaires de France, 1996, pp. 81-100.
BACH-Y-RITA, Paul. Tactile vision substitution: Past and future. International Journal of Neuroscience, v. 19, n. 1-4, pp. 29-36, 1983. DOI: https://doi.org/10.3109/00207458309148643.
BACH-Y-RITA, Paul. The relationship between motor processes and cognition in tactile vision substitution. In: SANDERS, A.; PRINZ, W. (eds.). Cognition and Motor Processes. Berlin: Springer, 1984, pp. 149-160.
BEATON, Michael. Sensorimotor Direct Realism: How we enact our world. Constructivist Foundations, v. 11, n. 2, pp. 265-276, 2016. Disponível em: http://constructivist.info/11/2/265. Acesso em: 15 abr. 2022.
CAMPAGNOLLO DÁVILA FERNANDES, H. ALUCINAÇÃO AUDITIVA: SINTOMA DE DOENÇA OU POSSIBILIDADE DE SER DO-ENTE?. PÓLEMOS – Revista de Estudantes de Filosofia da Universidade de Brasília, [S. l.], v. 6, n. 12, p. 48–68, 2018. DOI: https://doi.org/10.26512/pl.v6i12.11763.
CARVALHO, Eros. O Argumento da Ilusão/Alucinação e o Disjuntivismo: Ayer versus Austin. Sképsis, v. 8, n. 12, pp. 85-107, 2015. Disponível em: https://philosophicalskepticism.org/revista-skepsis/numero-12/. Acesso em: 15 abr. 2022.
CARVALHO, Eros. Psicologia Ecológica: da percepção à cognição social. In: SOUZA, Marcus José Alves de; LIMA FILHO, Maxwell Morais de (orgs.). Escritos De Filosofia V: Linguagem e Cognição. Porto Alegre: Editora Fi, 2022, pp. 367–393. DOI: https://doi.org.10.22350/9786559175536.
CLARK, Andy; CHALMERS, David. The Extended Mind. Analysis, v. 58, n. 1, 1998, pp. 7–19. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/3328150. Acesso em: 15 abr. 2022.
FIRTH, Roderick. Austin and the Argument from Illusion. The Philosophical Review, v. 73, n. 3, pp. 372-382, jul, 1964. DOI: https://doi.org/10.2307/2183663.
FISH, William. The philosophy of perception: an introduction. New York: Routledge, 2010.
GIBSON, J, J. The Ecological Approach to Visual Perception, Classical Edition. New York: Psychology Press, 2015.
KOHLER, Ivo. (1963). The formation and transformation of the perceptual world. Psychological Issues, v. 3, n. 4, pp. 1–173, 1951.
NOË, Alva. Concept Pluralism, Direct Perception, and the Fragility of Presence. In: Metzinger, T. & WINDT, J. M. (Eds). Open MIND: 27(T). Frankfurt am Main: MIND Group. DOI: http://doi.org.10.15502/9783958570597.
NOË, Alva. Action in Perception. Massachusetts: MIT Press, 2004.
NOË, Alva. Out of Our Heads: Why you are not your brain, and other lessons from the biology of consciousness. New York: Hill and Wang, 2009.
O’REAGAN, John K.; NOË, Alva. What it is like to see: a sensorimotor theory of perceptual experience, Synthese: v. 129, pp 79-103, out. 2001. DOI: https://doi.org/10.1023/A:1012699224677.
SACKS, Oliver. Hallucinations. Alfred A. Knopf, 2012.
SIMONS, Daniel J.; CHABRIS, Christopher F. Gorillas in our Midst: sustained inattentional blindness for dynamic events. Perception, v. 28, n. 9, pp. 1059-1074, 1999. DOI: https://doi.org/10.1068/p281059.
VERGARA, Jéssica. A Consciência Estendida. Porto Alegre. 206 p. Dissertação. UFRGS. 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 PÓLEMOS – Revista de Estudantes de Filosofia da Universidade de Brasília
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Todos os trabalhos que forem aceitos para publicação, após o devido processo avaliativo, serão publicados sob uma licença Creative Commons, na modalidade Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License (CC BY-NC-ND 4.0). Esta licença permite que qualquer pessoa copie e distribua a obra total e derivadas criadas a partir dela, desde que seja dado crédito (atribuição) ao autor / Ã autora / aos autores / às autoras.
