Platão, personagem ausente
entre objetividade narrativa e ficção
Palabras clave:
Platão;, Fédon;, Narrativa e ficçãoResumen
O presente estudo propõe problematizar aspectos narrativos da obra de Platão. No Fédon, por exemplo, o nome do próprio autor é mencionado como um personagem ausente na cena dramática por questões que, acredita Fédon interpelado por Equécrates, sejam de doença. O texto platônico, considerado em suas feições narrativas, apresenta-se envolvido sob uma névoa de realidade aparente, por assim dizer, sendo talvez a forma dramática dos diálogos a responsável por conferir a seus relatos certa verossimilhança. Sublinhando aqui a ausência de Platão na cena por ele próprio configurada no Fédon, o que se pode pensar do real significado da obra de Platão? Poderíamos tomar seus escritos meramente como relatos fidedignos do que ouvia ou do que teria vivenciado no círculo dos amantes do saber? Como lidar com a suposta objetividade narrativa muitas vezes imputada ao seu texto? Ao se retirar da cena dramática, não estaria abstendo-se das possíveis imprecisões dos fatos relatados? Ou, ainda: Platão estaria insinuando que a trama da narração era fictícia? A rejeição sistemática de um suposto caráter autobiográfico dos diálogos parece consistir bem mais numa estratégia narrativa, no sentido de nos convencer que seu texto não é simplesmente uma narrativa subjetiva, mas trata-se, antes, de uma ficção que se constrói sobre circunstâncias factuais.
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