Izipi mehe: cibercaminhos linguísticos e literários para a preservação da cultura Tenetehára
DOI:
https://doi.org/10.26512/rbla.v12i1.34846Palavras-chave:
Literatura Brasileira. Cibercaminhos. Povos Tupi. Tenetehára.Resumo
Neste artigo, apresentamos um breve panorama acerca da literatura indígena durante o Romantismo no Brasil. Defendemos a tese de que as contradições desse período foram inevitáveis, constituindo-se apenas em idiossincrasias daquele momento literário. Mais especificamente, sustentamos que, naquele contexto, a voz do indígena brasileiro não se expressaria de outra forma senão por meio da ilegitimidade de sua voz enviesada pela voz do colonizador europeu que atribuía ao indígena sua visão de mundo preconcebida. Outro objetivo deste texto é o de evidenciar um paradoxo hodierno inevitável a respeito da relação que se estabelece entre língua, sistemas linguísticos acadêmicos, literatura e internet. Nessa linha de investigação, apesar de os espaços digitais e os sistemas metalinguísticos acadêmicos de documentação e divulgação das histórias originárias serem alheios à cultura indígena, a coleta e a disponibilização digital de narrativas nos cibercaminhos podem ter como corolário a contribuição com a preservação, documentação e revitalização linguística e literária das culturas indígenas. Diante disso, reproduzimos e apresentamos a análise morfológica da história Tenetehára Izipy mehe Tentehar wazegar haw herur awer (No início, quando os Teneteháras trouxeram a cantoria). Esta história descreve como foram criadas as festas tradicionais do povo Tenetehára. A festa da menina moça, a festa dos rapazes, a festa da colheita, a festa das criancinhas, a festa dos separados, a festa dos pajés e as orações Tenetehára. Segundo esta história originária, essas festas foram trazidas por um antigo Tenetehára que fora levado a outro mundo por seres do céu. Assim, ao voltar para sua própria casa, ele transmite aos seus parentes os rituais aprendidos e apreendidos no outro mundo.
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