O olhar como estratégia de polidez entre duas estudantes de português brasileiro como segunda língua
Palavras-chave:
(im)polidez, modalização do olhar, ensino de português brasileiro como língua adicional, semioses não verbais, invasão territorial.Resumo
Refletir sobre semioses não verbais no contexto do ensino de português brasileiro como língua adicional constitui também objetivo do estudante estrangeiro, que almeja, na relação de ensino e de aprendizagem, ter acesso não apenas à estrutura linguística, mas ter contato com discussões que permeiam as contingências intersubjetivas e socioculturais. Diante dessa demanda, propomos, neste estudo, analisar o olhar como semiose não verbal modalizadora em negociação entre duas estudantes do curso de Português Brasileiro como Língua Adicional. Para tanto, este trabalho enquadra-se na área da pragmática, assim como nos estudos do olhar como semiose não verbal. Para a geração de dados, foi selecionado um excerto interacional, a partir da gravação em vídeo de uma aula de português para estrangeiros no nível intermediário cuja primeira língua desses estudantes seja o espanhol, com posterior visionamento das situações que envolvam o uso da estratégia investigada (o olhar). Constatamos, nos dados sob análise, que Sumalee emitiu olhar impositivo em direção a Ayelén e tentou atenuar a imposição gerada pelo olhar à interlocutora, que manifestou, posteriormente, o desconforto. Por fim, somos partidários de que o debate acerca do olhar, como semiose facilitadora do processo interacional, é de máxima relevância, para que o estudante possa se enquadrar na realidade sociocultural da qual participa em busca de interações, cada vez mais, mais harmônicas com/entre seus pares.
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