Verbos de trajetória: entre a competência linguística e o conhecimento explítico
Palavras-chave:
Verbos de trajetória. Locativo. Competência linguística. Conhecimento Explícito da Língua. Aspecto.Resumo
Este trabalho investiga o estatuto do sintagma preposicional com referência locativa relacionado a verbos de trajetória e tem por objetivo confrontar a competência linguística com o conhecimento gramatical explícito, transmitido por instrução formal via livro didático, acerca do referido objeto de análise. Utilizamos as concepções de Conhecimento Implícito da Língua e Conhecimento Explícito da Língua, segundo Duarte (2008) e Costa et al. (2011), bem como a proposta de Educação Linguística (Lobato 2003; Pilati et al. 2011) e a metodologia de eliciação. O problema de pesquisa referese à incompatibilidade entre o Conhecimento Implícito do falante, que presume facilmente o locativo para a boa formação de sentenças com verbos de trajetória, e a instrução formal, que insiste em ensiná-lo como adjunto adverbial, a despeito de toda a discussão no âmbito da gramática tradicional e da teoria linguística em favor do caráter argumental do locativo nesse tipo de estrutura. À luz dos trabalhos de Souto (2004), Menezes (2005) e Silva e Farias (2011) sobre o fenômeno no Português Brasileiro (doravante PB), desenvolvemos a hipótese de que o locativo com verbos de trajetória desempenha um papel aspectual no evento, podendo ser apagado apenas diante de certos operadores gramaticais ou mediante um contexto discursivo prévio ou dêitico, comportando-se como uma espécie de objeto nulo. A metodologia apoiase na análise de materiais didáticos e na aplicação de testes de julgamento de aceitabilidade junto a estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental, além de uma produção escrita eliciada, que confirmam parcialmente a hipótese inicial.
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