Sopapo Poético:
sarau de poesia negra no extremo sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018498Resumen
Apresentamos o Sopapo Poético, sarau de poesia negra que acontece em Porto Alegre desde 2012. Entendemos que nesse evento ocorre um encontro de duas tendências: a recente difusão dos saraus periféricos em São Paulo e outras cidades do Brasil com a tradição da poesia negra brasileira, especialmente a produzida desde a década de 1970. Esse encontro ocorre em um contexto específico que condiciona a atuação do movimento negro gaúcho: Porto Alegre, significativa “cidade letrada” e capital do Rio Grande do Sul, estado marcado por uma identidade regional racializada no mito do gaúcho europeizado. Descrevemos o funcionamento do sarau, desenvolvido em três momentos: a roda de poesia, com participação espontânea da audiência; a apresentação do Sopapinho, onde as crianças são levadas ao centro da roda; e o homenageado da noite, que combina o relato de trajetória com a performance artística. Entre os homenageados, destacamos duas figuras relevantes para a estética do sarau: o poeta Oliveira Silveira e o sopapeiro Giba Giba. Analisando as intervenções poéticas nas suas dimensões textual e performática, somos levados a pensar na íntima ligação entre o estético e o político que se constrói no sarau. As ideias de Paul Gilroy sobre a política cultural diaspórica no Atlântico negro servem para compreender o contexto de conflito e as formas de elaboração da identidade cultural afro-gaúcha.
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