Entre caminhos e fronteiras:

a gênese do conceito de “campo literário” em Pierre Bourdieu

Autores

  • Wander Frota
  • Enio Passiani

Resumo

Este ensaio percorre dois caminhos que a certa altura se cruzam. O primeiro caminho delineia a gênese do conceito de campo literário, de Bourdieu, que é tributária, em boa medida, das teorizações de L. L. Schücking. Pelo menos entre os intelectuais brasileiros, esta herança tem sido, até agora, pouco reconhecida. O segundo caminho discute a recepção dos trabalhos de Bourdieu no mundo acadêmico brasileiro e aponta o deslocamento do conceito de campo do seu ambiente originário. Quando atravessa fronteiras nacionais no processo de circulação mundial das ideias, o conceito de campo exige novas leituras - algumas mais, outras menos pertinentes - em um esforço contínuo de atualização e adaptação do conceito a novas e diferentes circunstâncias sócio-históricas a fim de garantir seu melhor rendimento analítico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARRUDA, M. A. N. “Pensamento brasileiro e sociologia da cultura: questões de interpretação”. Tempo Social, v. 16, nº. 4. São Paulo, jun. 2004, pp. 107-8.

BARANGER, D. “The reception of Bourdieu in Latin America and Argentina”. Sociologica: Italian Journal of Sociology On-Line, nº. 2. Bolonha, 2008. Disponível em: <http://www.sociologica.molino.it/journal/articlefulltext/index/Article/Journal:ARTICLE:248>. Acesso em: 10 jan. 2009.

BASTOS, E. R. et al. (orgs.). “Sergio Miceli”, em ______. Conversas com sociólogos brasileiros. São Paulo: Editora 34, 2006. pp. 219-50.

_______.“Maria Arminda do Nascimento Arruda”, em ______. Conversas com sociólogos brasileiros. São Paulo: Editora 34, 2006. pp. 353-74.

BOURDIEU, P. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. Trad. De M. L. Machado. 1ª. reimp. São Paulo: Cia. das Letras, 1996.

_______. “Campo intelectual e projeto criador”, em Pouillon, J. et al. (orgs.). Problemas do estruturalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1968. pp. 105-45.

______. “Condição de classe e posição de classe”, em ______. A economia das trocas simbólicas. Introdução, organização e seleção de S. Miceli. 6ª. ed. 1ª. reimpr. São Paulo: Perspectiva, 2007. pp. 3-25. (Estudos, 20).

_______. Esboço de auto-análise. Trad., introdução, cronologia e notas de S. Miceli. São Paulo: Cia. das Letras, 2005.

_______. “L’invention de la vie d’artiste”. Actes de la recherche en sciences sociales, nº. 2, v. 1, pp. 67-93. Paris, 1975.

_______. “Les trois états du capital culturel”. Actes de la recherche en sciences sociales, nº. 1, v. 30, pp. 3-6. Paris, 1979.

_______. “O mercado dos bens simbólicos”, em _______. A economia das trocas simbólicas. Introdução, organização e seleção de S. Miceli. 6ª. ed. 1ª. reimpr. São Paulo: Perspectiva, 2007. pp. 99-181. (Estudos, 20).

_______. The field of cultural production: essays on art and literature. Introdução e organização de R. Johnson. Nova York: Columbia UP, 1993.

_______. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 2004.

BOURDIEU, P. e PASSERON, J.-C. A reprodução. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.

_______. Los herederos: os estudiantes y la cultura. Buenos Aires: Siglo Veinteuno, 2006.

BOURDIEU, P. e WACQUANT, L. Las argucias de la razón imperialista. Buenos Aires: Paidos, 2001.

BOYER, R. “Pierre Bourdieu et la théorie de la régulation”. Actes de la recherche en sciences sociales, nº. 150, pp. 65-78. Paris, fev. 2004.

BRITTO, C. C. e SANTOS, R. (orgs.). Escrita e sociedade: estudos de sociologia da literatura. Goiânia: EdUCG, 2008.

CANDIDO, A. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, 1750-1880. 10ª. ed. rev. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.

_______. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. 2ª. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1968.

______. “Prefácio”, em Miceli, S. Intelectuais e classe dirigente no Brasil (1920-45). São Paulo: Difel, 1979. pp. ix-xiii.

CATANI, A. M.; CATANI, D. B. e PEREIRA, G. R. M. “Pierre Bourdieu: as leituras de sua obra no campo educacional brasileiro”, em TURA, M. L. R. (org.). Sociologia para educadores. Rio de Janeiro: Quartet, 2001.

CORCUFF, P. Bourdieu autrement. Paris: Textuel, 2003.

DURAND, J. C. Arte, privilégio e distinção. São Paulo: Perspectiva, 1989.

EAGLETON, T. “De Adorno a Bourdieu”, em _______. Ideologia: uma introdução. Trad. de L. C. Borges e S. Vieira. 2ª. reimp. São Paulo: EdUNESP; Boitempo, 1997. pp. 115-42.

ESCARPIT, R. Sociologie de la littérature. 4ª. ed. rev. Paris: P.U.F., 1968. (Que Sais-Je?, 777).

______ (org.) et al. Le Littéraire et le social: éléments pour une sociologie de la littérature. Paris: Flammarion, 1970. (Science de l’Homme, 19).

FANINI, M. A. “Júlia Lopes de Almeida: entre o salão e a ante-sala”. Disponível em: <http://www.abralic.org.br/cong2008/AnaisOnline/index.html>. Acesso em 23 dez. 2008.

JAUSS, H.R. “A estética da recepção: colocações gerais”, em LIMA, L.C. (Org.). A literatura e o leitor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

_______. A história da literatura como provocação à teoria literária. São Paulo: Ática, 1994.

JOHNSON, R. “A dinâmica do campo literário brasileiro”. Revista USP, São Paulo, n. 26, p. 164-181, jun.-jul. 1995.

LAHIRE, B. “Reprodução ou prolongamentos críticos?”. Educação & sociedade, ano 23, nº. 78, Pp. 37-55. Campinas, abr. 2002.

_______. Sucesso escolar nos meios populares. São Paulo: Ática, 2004.

_______. La condition littéraire: la double vie des écrivains. Paris: La Découverte, 2006.

LEÃO, A. B. “Como fazer uma sociologia da singularidade? O escritor e o leitor face à teoria bourdieusiana da literatura”. Disponível em: <http://www.abralic.org.br/ cong2008/Anais Online/index.html>. Acesso em: 23 dez. 2008.

LIMA , L. C. “A análise sociológica da literatura”, em _______ (org.). A teoria da literatura em suas fontes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

LOYOLA, M. A. (org.). Pierre Bourdieu entrevistado por Maria Andréa Loyola. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2002.

MARTINEZ, A.T. Pierre Bourdieu: razones y lecciones de una práctica sociológica. Buenos Aires: Manantial, 2007.

MARTINS, L. “A gênese de uma intelligentsia: os intelectuais e a política no Brasil ”“ 1920 a 1940”. Revista brasileira de ciências sociais, v. 2, nº. 4, pp. 65-87. Bauru, jun. 1987.

MARTINS, M. V. “Bourdieu e o fenômeno estético: ganhos e limites de seu conceito de campo literário”. Revista brasileira de ciências sociais, v. 19, nº. 56, pp. 63-74. Bauru, out. 2004.

MICELI, S. Nacional estrangeiro: história cultural e social do modernismo artístico em São Paulo. São Paulo: Cia. das Letras, 2003.

_______. Intelectuais à brasileira. São Paulo: Cia. das Letras, 2001.

_______. Intelectuais e classe dirigente no Brasil (1920-45). São Paulo: Difel, 1979.

PONTES, H. Destinos mistos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

ORTIZ, R. (org.). Pierre Bourdieu. Introdução de R. Ortiz; Trad. de P. Montero e A. Auzmendi. 2ª. ed. São Paulo: Ática, 1994. (Grandes Cientistas Sociais, 39).

PASSIANI, E. “Na trilha do Jeca: Monteiro Lobato, o público leitor e a formação do campo literário no Brasil”. Sociologias, nº. 7, ano 4. Porto Alegre, jan.-jun. 2002.

_______. Na trilha do Jeca: Monteiro Lobato e a formação do campo literário no Brasil. Bauru: EdUSC, 2003.

PINTO, L. Pierre Bourdieu e a teoria do mundo social. Trad. de L. A. Monjardim. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

ROBBINS, D. “French Production and English Reception: The International Transfer of the Work of Pierre Bourdieu”. Sociologica: Italian Journal of Sociology On-Line, Bolonha, nº. 2. Bolonha, 2008, Disponível em: <http://www.sociologica.mulino.it/journal/ articlefulltext/index/Article/ Journal:ARTICLE:248>. Acesso em: 9 jan. 2009.

SANTORO, M. “Putting Bourdieu in the Global Field”. Sociologica: Italian Journal of Sociology On-Line, nº. 2. Bolonha, 2008, p. 1-2. Disponível em: <http://www.sociologica.molino.it/journal/articlefulltext/index/Article/Journal:ARTICLE:248>. Acesso em: 10 jan. 2009.

SCHÜCKING, L. L. The sociology of literary taste. Trad. de B. Battershaw. Chicago: University of Chicago Press, 1966.

_______. El gusto literario. Trad. de M. Frenk Alatorre. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 1950. (Breviarios, 24).

SNYDERS, G. Escola, classe e luta de classes. São Paulo: Centauro, 2005.

WACQUANT, L. “Esclarecer o habitus”. Comunicação. Trad. de J. M. Pinto e V. B. Pereira. Disponível em: <http://sociology.berkeley.edu/faculty/wacquant/wacquant_pdf/ESCLA RECEROHABITUS.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2006.

Downloads

Publicado

01/03/2011

Como Citar

Frota, W., & Passiani, E. (2011). Entre caminhos e fronteiras:: a gênese do conceito de “campo literário” em Pierre Bourdieu. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (34), 11–41. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/9634

Edição

Seção

Seção Temática