Obra e processo na ficção de Carlos Sussekind

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DOI:

https://doi.org/10.1590/2316-40187409

Palavras-chave:

repetição, apropriação, processo

Resumo

Este ensaio pretende explorar a interação entre repetição temática e diversificação construtiva na obra ficcional de Carlos Sussekind por meio da exploração das conexões entre os processos de composição e a estruturação interna de cada uma das narrativas longas do autor — Armadilha para Lamartine (1976), Ombros altos (1960, 1985, 1997, 2003), Que pensam vocês que ele fez (1994) e O autor mente muito (2001). Conectada com a recorrente afirmação do autor acerca de sua dificuldade de escrever, a análise faz emergir da obra de Sussekind uma ideia de escrita distante da imagem tipicamente moderna da literatura como ofício verbal ligado sobretudo à valorização do significante. Se, nesse sentido, tal ideia de escrita se aproxima das características da literatura de grande circulação, ela igualmente se apropria de procedimentos tipicamente neovanguardistas ligados à limitação do poder da autoria e à valorização da processualidade da obra em detrimento de seu acabamento.

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Publicado

02/03/2025

Como Citar

Silva, J. G. F. C. (2025). Obra e processo na ficção de Carlos Sussekind. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (74). https://doi.org/10.1590/2316-40187409