Allan da Rosa e a criação de uma imaginação radical afro-brasileira
Palavras-chave:
Allan da Rosa; imaginação radical negra; esfera pública negra; literatura afro-brasileira; periferiaResumo
Ao criar uma literatura enraizada nas experiências dos afro-brasileiros que vivem nas comunidades periféricas de São Paulo, o escritor Allan da Rosa articula um espaço imaginativo para moradores negros marginalizados como forma de escapar da pobreza e do racismo. Neste artigo, enquadro minha análise das obras literárias Zagaia (2007) e Da Cabula (2008), de Allan da Rosa, pelo eixo teórico desenvolvido por Robin D. G. Kelley (2003) da imaginação radical negra para examinar como os espaços liminares encontrados na periferia urbana de São Paulo se tornam o ímpeto para a mudança social. A imaginação como prática social desempenha papel fundamental na esfera pública negra, pois as comunidades afrodescendentes buscam em outros tempos historicamente imaginados inspiração para conceber um futuro enraizado na liberdade. Com base nessas duas obras literárias, este artigo analisa a imaginação na esfera pública negra da qual emergem os discursos de Allan da Rosa em termos de como seus protagonistas habitam espaços liminares que oscilam continuamente entre a realidade da vida urbana e a metafísica. O objetivo deste artigo, portanto, foi demonstrar por meio de Zagaia e Da Cabula que o autor pertence a essa tradição de se engajar na imaginação radical negra como estratégia política que não apenas resiste à desigualdade racial e social, mas busca soluções para empoderar afrodescendentes comunidades por intermédio de estratégias criativas de afirmação cultural e de mobilização social.
Downloads
Referências
AFOLABI, Niyi (2009). Afro-Brazilians: cultural production in a racial democracy. Rochester: University of Rochester Press.
APPADURAI, Arjun (1990). Disjuncture and difference in the global cultural economy. Theory, Culture & Society, v. 7, n. 2-3, p. 295-310. https://doi.org/10.1177/026327690007002017
» https://doi.org/10.1177/026327690007002017
BAKER JR., Houston A. (1995). Critical memory and the Black public sphere. In: THE BLACK PUBLIC SPHERE COLLECTIVE (org.). The Black public sphere: a public culture book. Chicago: University of Chicago Press. p. 5-38.
DA ROSA, Allan (2007). Zagaia São Paulo: Difusão Cultural do Livro.
DA ROSA, Allan (2008). Da Cabula São Paulo: Global.
DA ROSA, Allan (2013). Pedagoginga, autonomia e mocabagem Rio de Janeiro: Aeroplano.
FARIA, Alexandre (2011). A parabélum e o passarinho: entrevista com Allan da Rosa. Darandina Disponível em: http://www.ufjf.br/darandina/files/2011/07/Entrevista-Allan-da-Rosa.pdf Acesso em: 4 jun. 2018.
» http://www.ufjf.br/darandina/files/2011/07/Entrevista-Allan-da-Rosa.pdf
FARIA, Alexandre (2015). A margem como utopia: a ginga na poesia de Allan da Rosa. In: FARIA, Alexandre; PENA, João Camillo; PATROCÍNIO, Paulo Roberto Tonani do (org.). Modos da margem: figurações da marginalidade na literatura brasileira. Rio de Janeiro: Aeroplano. p. 482-502.
GILROY, Paul (1993). The Black Atlantic: modernity and double-consciousness. Cambridge: Harvard University Press.
HABERMAS, Jürgen (1991). The structural transformation of the public sphere: an inquiry into a category of bourgeois society. Cambridge: MIT Press.
HANCHARD, Michael (1995). Black Cinderella?: race and the public sphere in Brazil. In: BLACK PUBLIC SPHERE COLLECTIVE (org.). The Black public sphere: a public culture book. Chicago: University of Chicago Press. p. 169-189.
KELLEY, Robin D. G. (2003). Freedom dreams: the black radical imagination. Boston: Beacon Press.
LOPES, Nei (2005). Kitábu: o livro do saber e do espírito negro-africanos. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio.
MANSBRIDGE, Jane (1996). Using power/fighting power: the polity. In: BENHABIB, Seyla (org.). Democracy and difference: contesting the boundaries of the political. Princeton: Princeton University Press. p. 46-66.
ROBINSON, Cedric (1983). Black marxism: the making of the black radical tradition. Chapel Hill: University of North Carolina Press.
SCOTT, James C. (1990). Domination and the arts of resistance: hidden transcripts. New Haven: Yale University Press.
SQUIRES, Catherine R. (2002). Rethinking the black public sphere: an alternative vocabulary for multiple public spheres. Communication Theory, v. 12, n. 4, p. 446-468. https://doi.org/10.1111/j.1468-2885.2002.tb00278.x
» https://doi.org/10.1111/j.1468-2885.2002.tb00278.x
TONANI DO PATROCÍNIO, Paulo Roberto (2013). Escritos à margem: a presença de autores de periferia na cena literária brasileira. Rio de Janeiro: 7Letras.
TURNER, Victor (1994). Betwixt and between: the liminal period in rites of passage. In: MAHDI, Louise Carus; FOSTER, Steven; LITTLE, Meredith (org.). Betwixt and between: patterns of masculine and feminine initiation. Chicago: Open Court Publishing Company. p. 3-19.
WARNER, Michael (2005). Publics and counterpublics Nova York: Zone Books.
ZALUAR, Alba (1985). A máquina e a revolta: as organizações populares e o significado da pobreza. São Paulo: Brasiliense.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial 4.0, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.