Monumentos precários: luto (im)possível e lápides de papel em K.: relato de uma busca
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018602Palavras-chave:
literatura de testemunho, antimonumento, Bernardo Kucinski, desaparecimentoResumo
O artigo reflete sobre a relação entre a estética do antimonumento e o “saber da precariedade” próprio do testemunho de catástrofes históricas, a exemplo do desaparecimento forçado de pessoas, para pensar o testemunho como forma intrinsecamente contra-hegemônica de construção da memória e modalidade de elaboração de eventos traumáticos. A análise relaciona o testemunho e a ação dos familiares de desaparecidos, como a que Bernardo Kucinski constrói diretamente e narrativamente em K. Relato de uma busca, com o valor que antimonumentos, memoriais e recordatorios têm na construção da memória familiar e coletiva do trauma.
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