A flâneuse na literatura brasileira: espaços e temporalidades contestados
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40185910Palavras-chave:
flâneur, flâneuse, mobilidade, gênero, literaturaResumo
A questão do espaço, e sua “produção”, conforme Lefebvre (1974), vem se revelando uma rica área de pesquisa para os estudos literários, assim como as questões ligadas à mobilidade em suas diferentes realidades: de experiências de migração e diáspora a trânsitos urbanos, para citar alguns exemplos. Nesse contexto, a figura do flâneur, intrinsicamente ligada à s experiências e representações da modernidade urbana, tem atraído considerável interesse crítico. Em geral, pouco explorada ainda é a figura de seu equivalente feminino, a flâneuse, pois, como bem observa Wolff (1985), a experiência da modernidade tem sido, em grande parte, narrada sob um ponto de vista predominantemente masculino. A partir do conto “Amor”, de Clarice Lispector (1960/1998), e o texto “Um corpo negro pelado”, de Miriam Alves (2014), este artigo discute como esses textos parecem dialogar com o paradigma da mobilidade moderna, analisando personagens femininas em trânsito na literatura brasileira contemporânea escrita por mulheres como tentativas de repensar a experiência desta mobilidade, agora como um ato político e de busca de empoderamento feminino.
Downloads
Referências
ALVES, Miriam (2014). O corpo negro pelado. Modo de Usar & CO., 19 jan. Disponível em: https://bit.ly/362PqOC. Acesso em: 30 nov. 2017.
BAUDELAIRE, Charles (1857/1985). As flores do mal. Tradução de Ivan Junqueira.. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Edição bilíngue
BENJAMIN, Walter (1973). Charles Baudelaire: a lyric poet in the era of high capitalism. Londres: Verso.
BENJAMIN, Walter (1999). On some motifs in Baudelaire. In: BENJAMIN, Walter. Illuminations. Edição e introdução de Hannah Arendt. Prefácio de Leon Wieseltier. Tradução de Harry Zorn. Londres: Pimlico.
CARRERA SUÁREZ, Isabel (2015). The stranger flâneuse and the aesthetics of pedestrianism: writing the post-diasporic metropolis. Interventions, v. 17, n. 6, p. 853-865, 7 jan.
CERTEAU, Michel de (1980). L’invention du cotidien. Paris: Gallimard.
CHIARELLI, Stefania; OLIVEIRA NETO, Godofredo de (2016) (Org.). Falando com estranhos: o estrangeiro e a literatura brasileira. Rio de Janeiro: 7 Letras.
COSGROVE, Dennis (1984). Social formation and symbolic landscape. Londres: Croom Helm.
CRESSWELL, Tim (2006). On the move: mobility in the modern world. New York; Abingdon: Routledge.
FERGUSON, Priscilla Parkhurst (1994). The flâneur on and off the streets of Paris. In: TESTER, Keith (Ed.). The flâneur. Londres: Routledge. p. 22-42.
HARVEY, David (2008). The right to the city. The New Left Review, n. 53, p. 23-40, set./out.
LEFEBVRE, Henry (1968/1996). The right to the city. In: KOFMAN, Eleonore; LEBAS, Elizabeth (Ed.). Writings on cities. Cambridge, MA: Blackwell, p. 147-159.
LEFEBVRE, Henry (1974). La production de l’espace. Paris: Anthropos.
LISPECTOR, Clarice (1960/1998). Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco.
LITERAFRO (2019). Miriam Alves. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/348-miriam-alves. Acesso em: 14 mar. 2019.
MORETTI, Franco (1998). An Atlas of the European Novel 1800-1900. Londres: Verso.
PEIXOTO, Marta (1994). Passionate fictions. Minneapolis; London: University of Minnesota Press.
POLLOCK, Griselda (1988). Vision and difference. Londres: Routledge.
ROBILA, Mihaela (2018). Refugees and social integration in Europe. New York: Undesa. Disponível em: https://bit.ly/2tgntpy. Acesso em: 22 fev. 2019.
ROSENTHAL, Anton (2016). The streetcar in the urban imaginary of Latin America. Journal of Urban History, v. 42, n. 1, p. 162-179, jan.
SCHULTE NORDHOLT, Annelies (2008). Georges Perec: topographies parisiennes du flâneur. Revue Électronique de Littérature Française, v. 2, n. 1, p. 66-86, 19 mar.
SHELLER, Mimi; URRY, John (Ed.) (2004). Tourism mobilities: places to play, places in play. London; New York: Routledge.
TONUS, José Leonardo (2012). O imigrante na literatura brasileira: instrumentalização de uma figura literária. In: DALCASTAGNÈ, Regina; MATA, Anderson Luís Nunes da (Org.). Fora do retrato: estudos de literatura brasileira contemporânea. Vinhedo: Horizonte. p. 93-101.
VILA-CABANES, Isabel (2018). The flaneur in nineteenth-century british literary culture: the worlds of London unknown. Newcastle: Cambridge Scholars Press.
WEJSA, Shari; LESSER, Jeffrey (2018). Migration in Brazil: the making of a multicultural society. The Online Journal of Migration Policy Institute, Washington, 29 mar. Disponível em: https://bit.ly/2uF3yRv. Acesso em: 7 mar. 2019.
WILSON, Elizabeth (1992). The invisible flâneur. New Left Review, n. 191, p. 90-110, jan./fev.
WOLFF, Janet (1985). The invisible flâneuse: women and the literature of modernity. Theory, Culture & Society, v. 2, n. 3, p. 37-46, nov.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial 4.0, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.