Por uma poética cartesiana: gráficos 3D nas criações digitais de André Vallias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/2316-40185914

Palavras-chave:

André Vallias, gráficos 3D, poesia digital, metapoesia

Resumo

O laureado artista visual e poeta André Vallias, internacionalmente conhecido por suas criações na esfera da literatura eletrônica e das artes digitais, frequentemente lança mão das potencialidades do ciberespaço para a constituição multissemiótica de suas obras. Além de elementos mais comuns no campo dos diálogos interartes, tais como imagens, cores, volumes, movimento e sons, Vallias costuma empregar em suas criações um tipo de signo insólito em obras artísticas: gráficos matemáticos 3D. Trata-se de representações visuais tridimensionais (mas expressas em superfícies bidimensionais, como telas de computador e celular) de funções algébricas construídas com o software AutoCad ”“ geralmente utilizado em projetos de áreas como a Engenharia e a Arquitetura ”“, às quais Vallias agrega valor artístico por meio da combinação com elementos mais tradicionais do gênero lírico, como a versificação e o ritmo. Em suas obras, tais gráficos desencadeiam um ou mais efeitos estéticos, como a representação icônica de formas geométricas do mundo referencial, a desconstrução de redutoras antinomias como subjetividade/objetividade (e, por conseguinte, pensamento poético/pensamento matemático), ou a alusão simbólica a elementos intangíveis de textos líricos, sobretudo fenômenos dos estratos fonológico e visual. Nesse contexto, o presente artigo analisa três obras de André Vallias ”“ Nous n’avons pas compris Descartes (1997), De verso (s.d.) e Oratorio (2004) ”“ a fim de mapear o rendimento estético do uso de gráficos matemáticos 3D como recursos artísticos que desnaturalizam nossa percepção acerca do literário e seu atravessamento por sistemas semióticos inusitados.

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Publicado

01/24/2020

Como Citar

Pereira, V. C. . (2020). Por uma poética cartesiana: gráficos 3D nas criações digitais de André Vallias. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (59), 1–15. https://doi.org/10.1590/2316-40185914