A casa físsil: o corpo migrante e os paradoxos da hospitalidade na poesia de Eduardo Jorge

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/2316-4018583

Palavras-chave:

Eduardo Jorge, Poesia brasileira contemporânea, Migração, Hospitalidade

Resumo

Se a casa é o centro geográfico a partir do qual os caminhos se abrem e a cidade se oferece, frequentemente a vivência do migrante altera a percepção desse “chez soi” e enfraquece sua oposição aos espaços públicos, abertos, compartilhados. A hospitalidade pode tornar-se hostilidade. O presente artigo busca examinar os abalos na representação do espaço doméstico na obra recente do poeta brasileiro Eduardo Jorge. Vivendo em regime temporário, mudando de endereço, dominando de modo precário a cidade e seus códigos, o migrante retratado nesta poesia sente muitas vezes a casa se reduzir à dimensão da roupa (forma mais elementar de abrigo) e do corpo, transformando-se em casca, espaço físsil, fóssil, elástico.

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Publicado

10/29/2019

Como Citar

Weintraub, F. . (2019). A casa físsil: o corpo migrante e os paradoxos da hospitalidade na poesia de Eduardo Jorge. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (58), 1–12. https://doi.org/10.1590/2316-4018583