O testemunho oblíquo em O que os cegos estão sonhando?, de Noemi Jaffe, e Maus, de Art Spiegelman

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/10.1590/2316-40185515

Resumo

Este artigo desenvolve uma análise comparativa das obras O que os cegos estão sonhando?, de Noemi Jaffe, e Maus, de Art Spiegelman. O exame crítico empreendido visa colocar em discussão algumas semelhanças no processo de construção da autoria nestes dois livros ”“ particularmente no que se refere à autorrepresentação do drama dos filhos de sobreviventes dos campos de concentração nazistas ”“ e no modo como estes relatos de segunda geração assumem a forma de um testemunho oblíquo, ao mesmo tempo prolongamento de e ruptura com os testemunhos dos pais-sobreviventes. Recorre-se, entre outras referências, às ideias de Márcio Seligmann-Silva (2013) e Giorgio Agamben (2014) a respeito da produção testemunhal e às discussões de Jeanne Marie Gagnebin (2014) sobre memória e esquecimento após Auschwitz.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ADORNO, Theodor (1998). Crítica cultural e sociedade. In: ADORNO, Theodor. Prismas. Tradução A. Wernet e Jorge Almeida. São Paulo: Ática.
AGAMBEN, Giorgio (2014). O que resta de Auschwitz. Tradução de Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo.
BERGER, Alan; BERGER, Naomi (Org.) (2001). Second generation voices: reflections by children of holocaust survivors perpetrators. New York: Syracuse University Press.
CURI, Fabiano Andrade (2009). Maus, de Art Spiegelman: uma outra história da Shoah. Síntesis, Campinas, v. 14, p. 140-158.
FUX, Jacques (2013a). Até quando os cegos continuarão sonhando? Revista de Letras, Fortaleza, v. 2, n. 32, p. 47-52, ago./dez.
FUX, Jacques (2013b). W ou o testemunho da infância. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 48, p. 459-466.
GAGNEBIN, Jeanne Marie (2014). Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Editora 34.
HIRSCH, Marianne (2008). The generation of postmemory. Poetics Today, Durham, v. 29, n. 1, p. 103-128.
JAFFE, Noemi (2012). O que os cegos estão sonhando? ”“ Com diário de Lili Jaffe (1944-1945) e texto final de Leda Cartum. São Paulo: Editora 34.
LEVI, Primo (1990). Os afogados e os sobreviventes. Tradução de Luiz Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
MARCO, Valéria de (2004). A literatura de testemunho e a violência de estado. Revista Lua Nova, n. 62, p. 45-68.
NASCIMENTO, Larissa Silva (2012). Para além das cercas de arame farpado: o Holocausto em Maus, de Art Spiegelman, e em Os emigrantes, de W. G. Sebald. Dissertação (Mestrado em Literatura e Práticas Sociais) ”“ Universidade de Brasília, Brasília.
PARISOTE, Amanda Dal’Zotto (2016). Entre autoras, diários e memórias: a linguagem da barbárie em O que os cegos estão sonhando? Revista do Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, São Paulo, v. 8, n. 1, jan./jun.
SELIGMANN-SILVA, Márcio (Org.) (2013). História, memória, literatura: o testemunho na Era das Catástrofes. São Paulo: Editora da Unicamp.
SPIEGELMAN, Art (2016). Maus. Tradução de Antonio de Macedo Soares. São Paulo: Cia. Das Letras.
WIESEL, Elie (1987). Holocausto: canto de uma geração perdida. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Documentário.

Publicado

09/18/2018

Como Citar

Paula, M. F. de. (2018). O testemunho oblíquo em O que os cegos estão sonhando?, de Noemi Jaffe, e Maus, de Art Spiegelman. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (55), 285–308. https://doi.org/10.1590/10.1590/2316-40185515