A autorrepresentação do judeu mediada pelo olhar do nacional em “Natal sem Cristo” de Samuel Rawet
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40184911Resumo
Rawet nasceu na Polônia em 1929 e imigrou para o Brasil em 1936. Tendo vivido seus primeiros anos em um shtetl, sua infância foi marcada pela onipresença da ambiência judaica. O afastamento desse meio ambiente, colocando-o em contato com uma população majoritariamente não-judaica, irá desenvolver sua autopercepção de imigrante, um estranhamento que marcará toda sua obra. Por outro lado, Rawet acabou por afastar-se radicalmente da própria comunidade judaica, Ã qual acusou, em 1977, de mineralidade. Colocado, assim, na situação kafkiana de não ter para onde ir e nem para onde voltar, viu-se em posição privilegiada para refletir, em sua ficção, as dificuldades de convívio, que se manifestam, na literatura, como representação: como o judeu representa os nacionais e como se vê representado por eles. Em “Natal sem Cristo” (Diálogo, 1963), Nehemias, judeu, professor de história, 30 anos, é convidado por um amigo cristão para a ceia de Natal com sua família. É a ocasião perfeita para vermos como, na opinião de Rawet, cada membro da família vê aquele ser estranho, e como o protagonista avalia as atitudes de cada um em relação aos judeus.
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