Lula 3 e o revigoramento da parceria estratégica com a China
DOI:
https://doi.org/10.26512/2236-56562025e58656Palavras-chave:
Relações Sino-Brasileiras, Política Externa Brasileira, Governos Lula, Integração Regional Sul-AmericanaResumo
Este artigo analisa as relações sino-brasileiras no governo Lula 3, a partir do revigoramento da parceria estratégica que completou cinquenta anos em 2024. O acirramento das disputas entre Estados Unidos e China e seus reflexos na América Latina é um dos elementos que tendem a incidir sobre as opções estratégicas do Brasil. Assim, o objetivo geral é examinar como o Brasil tem buscado equilibrar suas relações com as duas grandes potências globais. Desde a ascensão de Trump à presidência dos Estados Unidos, as pressões nos campos comercial e geopolítico representam um desafio a mais para a política externa do governo Lula. No âmbito regional, o Brasil persiste na busca da integração regional. Para isso, utilizamos como metodologia a pesquisa bibliográfica, a análise documental de órgãos do executivo federal brasileiro e estatísticas da plataforma Comexstat acerca do comércio e investimentos externos diretos (IED). As conclusões indicam que o governo Lula 3 adota uma diplomacia pragmática, utilizando iniciativas como o Consenso de Brasília e o Programa Rotas da Integração Sul-Americana para impulsionar a sua liderança regional.
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