Geopolítica e questão energética
contribuições para a compreensão de estratégias espaciais estatais na contemporaneidade
DOI:
https://doi.org/10.26512/2236-56562025e58131Palavras-chave:
Geografia Política, Escalas geográficas, Recursos energéticos, Estado, Território, PoderResumo
Ao longo das últimas décadas, novos desafios vêm se apresentando para compreender a questão energética, como a emergência climática, novas fontes e formas de consumo de energia e conflitos internacionais no entorno de lugares e territórios que têm papel importante em diferentes fases do ciclo energético. Assim, faz-se necessário verificar de que forma essas novas dinâmicas demandam uma retomada do questionamento acadêmico a respeito da relação entre geopolítica e energia, potencializando o uso do instrumental teórico-metodológico da ciência geográfica para tal finalidade. Neste artigo, apresenta-se por meio de uma revisão bibliográfica contribuições que levam em conta as características da relação entre a questão energética e a geopolítica, por meio da relação entre essas e as estratégias espaciais utilizadas pelos Estados modernos territoriais na contemporaneidade. Assim, inicialmente analisa-se a questão energética, suas facetas e sua influência nas relações entre espaço e poder que compõe a base da geopolítica. Posteriormente, verifica-se de que forma esta questão se enquadra nos diferentes tipos de estratégias espaciais adotadas pelos Estados no entorno da política, do uso da força e da coação e da economia, que compõem a geopolítica, a geoestratégia e a geoeconomia. Por fim, faz-se um balanço mais específico a respeito da relação entre geopolítica e a questão energética em específico. Considera-se que vêm se observando um importante papel de disputas geopolíticas no entorno da questão energética em razão dos projetos de domínio e/ou controle dos lugares, regiões e territórios que têm papel ativo em cada uma das fases do ciclo energético, e que estas disputas são um exemplo dentre outros conjuntos que permitem compreender de que forma os Estados formam pensamentos geográficos que embasam projetos geopolíticos, geoestratégicos e geoeconômicos.
Downloads
Referências
AGNEW, J. Entre la Geografía y las Relaciones Internacionales. Tabula Rasa, [s. l.], n. 5, p. 85–98, 2006.
AGNEW, J. The territorial trap: The geographical assumptions of International Relations Theory. Review of International Political Economy, [s. l.], v. 1, n. 1, p. 53–80, Spring / Primavera, 1994.
AMAGLOBELI, D.; GU, M.; HANEDAR, E.; HONG, G. H.; THÉVENOT, C. Policy Responses to High Energy and Food Prices. IMF Working Paper 23/74. [S. l.]: International Monetary Fund, mar. 2023. Disponível em: https://www.imf.org/en/Publications/WP/Issues/2023/03/24/Policy-Responses-to-High-Energy-and-Food-Prices-531343. Acesso em: 12 dez. 2024.
BARDI, U. Energy Prices and Resource Depletion: Lessons from the Case of Whaling in the Nineteenth Century. Energy Sources, Part B: Economics, Planning, and Policy, [s. l.], v. 2, n. 3, p. 297–304, 1 ago. 2007. https://doi.org/10.1080/15567240600629435.
BLANK, S.; KIM, Y. Russia and Latin America: The New Frontier for Geopolitics, Arms Sales and Energy. Problems of Post-Communism, [s. l.], v. 62, n. 3, p. 159–173, 4 maio 2015. https://doi.org/10.1080/10758216.2015.1019817.
BRAUDEL, F. História e Ciências Sociais. A longa duração. Revista de História (USP), [s. l.], v. XXX, n. no 62, p. 261–294, jun. 1965.
BUCHSBAUM, L. M. Riding the Dead Cow: Exploiting Argentina’s oil and gas reservas risks climate efforts. Energy Transition: The global energiewende, [s. l.], 29 nov. 2022. Disponível em: https://energytransition.org/2022/11/riding-the-dead-cow-exploiting-argentinas-oil-and-gas-reserves-risks-climate-efforts/. Acesso em: 31 out. 2023.
CAPEL, H. El poder: Una perspectiva geográfica. BIBLIO 3W - Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales, [s. l.], v. XIX, n. no 1100, p. 1–33, 30 nov. 2014.
CARVALHO, J. F. de. Energia e sociedade. Estudos Avançados, [s. l.], v. 28, 2014.
CASTRO, I. E. de. Geografia e Política: Território, escalas de ação e instituições. 7a edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2019.
CHAMAYOU, G. A sociedade ingovernável: Uma genealogia do liberalismo autoritário. São Paulo: Ubu Editora, 2020(Coleção Explosante).
CHERP, A.; JEWELL, J. The concept of energy security: Beyond the four As. Energy Policy, [s. l.], v. 75, p. 415–421, 1 dez. 2014. https://doi.org/10.1016/j.enpol.2014.09.005.
CLAVAL, P. Epistemologia da Geografia. Florianópolis, Brasil: Ed. da UFSC, 2011.
CORREIA, P. de P. Geopolítica e geoestratégia. Nação e Defesa, 5. [s. l.], n. 131, p. 229–246, 2012.
________________. Manual de geopolítica e geoestratégia. Lisboa: Edições 70, 2018.
COSTA, W. M. Geografia Política e Geopolítica: Discursos sobre o território e o poder. 2. ed. 2. reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013.
_____________. O Estado e as políticas territoriais no Brasil. São Paulo: Contexto, 1988.
DARDEL, É. O homem e a terra: Natureza da realidade geográfica. São Paulo: Perspectiva, 2011.
DAVTYAN, E. One conflict, different meanings: a comparative analysis of Armenian and Azerbaijani narratives of victory in Nagorno-Karabakh wars. Small Wars & Insurgencies, [s. l.], p. 1–25, [s. d.]. https://doi.org/10.1080/09592318.2024.2408704.
DOLFUSS, O. A análise geográfica. São Paulo: Difusao Europeia do Livro, 1973.
ERMEL, A. P. C.; LACERDA, D. P.; MORANDI, M. I. W. M.; GAUSS, L. Literature reviews: Modern methods for investigating scientific and technological knowledge. [S. l.]: Springer Cham, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1007/978-3-030-75722-9.
FIORI, J. L. Estados Unidos, Rússia e a grande transformação mundial: tendências e perspectivas. Texto para Discussão. Ano 3. Número 14. [S. l.]: INEEP, 2020.
__________. Sobre o poder global. Novos estudos CEBRAP, [s. l.], 2005.
FOUCAULT, M. Segurança, território, população : Curso dado no Collège de France (1977-1978). 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2023.
GALLIE, W. B. Essentially Contested Concepts. In: BLACK, M. (org.). The Importance of Language. Ithaca, NY: Cornell University Press, 1969. p. 121–146. DOI doi:10.7591/9781501741319-010. Disponível em: https://doi.org/10.7591/9781501741319-010. Acesso em: 5 dez. 2024.
GARCEZ PORTUGAL, N. O fator Nagorno-Karabakh: O reavivamento do conflito na região caucasiana em 2020 e seu impacto para as relações entre a Armênia e o Azerbaijão. Cadernos do Cáucaso - Revista do Laboratório de Estudos dos Países do Cáucaso, [s. l.], v. 5, n. 8, p. 41–61, dez. 2024.
GOTTMANN, J. A evolução do conceito de território. Boletim Campineiro de Geografia, [s. l.], v. 2, n. 3, p. 523–545, 2012.
______________. The significance of territory. Charlottesville, VA: The Univesity of Virginia Press, 1973.
HAESBAERT DA COSTA, R.; PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova des-ordem mundial. São Paulo: Editora Unesp, 2006 (Coleção Paradidáticos).
HELLEINER, E. Economic Globalization’s Polycrisis. International Studies Quarterly, [s. l.], v. 68, n. 2, p. sqae024, 1 jun. 2024. https://doi.org/10.1093/isq/sqae024.
HUSSAIN, J.; ZHOU, K.; MUHAMMAD, F.; KHAN, D.; KHAN, A.; ALI, N.; AKHTAR, R. Renewable energy investment and governance in countries along the belt & Road Initiative: Does trade openness matter? Renewable Energy, [s. l.], v. 180, p. 1278–1289, 1 dez. 2021. https://doi.org/10.1016/j.renene.2021.09.020.
IEA, I. E. A. World Energy Outlook 2024. [S. l.]: International Energy Agency, 2024. Disponível em: https://iea.blob.core.windows.net/assets/efba04ce-2472-4df1-9873-fb170c055259/WorldEnergyOutlook2024.pdf. Acesso em: 12 dez. 2024.
JACKSON, R.; SØRENSEN, G. Introdução às relações internacionais: Teorias e abordagens. 3a. ed., rev.ampl. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
KRELL, A. J.; DE CASTRO E SOUZA, C. B. A sustentabilidade da matriz energética brasileira: o marco regulatório das energias renováveis e o princípio do desenvolvimento sustentável. Revista de Direito Econômico e Socioambiental, [s. l.], v. 11, n. 2, seç. Artigos, p. 157–188, 28 dez. 2020. https://doi.org/10.7213/rev.dir.econ.soc.v11i2.26872.
LACOSTE, Y. A Geografia -- Isto serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. 19a ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.
LISIO, A. de. Extractivismo minero-hidrocarburífero versus bioeconomía en América Latina y el Caribe: El caso venezolano en tempos del cambio climático. Tramas y redes, [s. l.], n. 3, p. 51–73, Diciembre 2022.
LOBO-FERNANDES, L. F. Pensar a integração europeia no contexto da agressão russa à Ucrânia: algumas proposições. Revista de Estudios Europeos, [s. l.], n. 83, seç. Artículos, p. 452–469, 5 jan. 2024. https://doi.org/10.24197/ree.83.2024.452-469.
MASSEY, D. Pelo espaço: Uma nova política da espacialidade. 4a ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.
MONIZ BANDEIRA, L. A. A desordem mundial: O espectro da total dominação: Guerras por procuração, terror, caos e catástrofes humanitárias. 3a. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
MORAES, Antonio C. R. Ideologias geográficas: Espaço, cultura e política no Brasil. São Paulo: Annablume, 2005.
_____________________. Capitalismo, geografia e meio ambiente. 2000. Tese (Livre Docência) – Universidade Estadual de São Paulo, FFLCH, FLG, São Paulo, 2000.
OBAYA, M.; CÉSPEDES, M. Análisis de las redes globales de producción de baterías de ion de litio: Implicaciones para los países del triángulo del litio, n. Documentos de Proyector (LC/TS.2021/58)’. Santiago, Chile: Comisión Económica para América Latina y el Caribe (CEPAL), 2021.
PICKLES, J. A history of spaces: Cartographic reason, mapping and the geo-coded world. Londres, Reino Unido e Nova York, Estados Unidos: Routledge, 2004.
RAFFESTIN, C. Por uma geografia do poder. São Paulo: Editora Ática, 1993(Temas, volume 29).
SCHNEIDER, S. H. The Global Warming Debate Heats Up: An Analysis and Perspective. Bulletin of the American Meteorological Society, [s. l.], v. 71, n. 9, p. 1292–1304, 1990.
SCOTT, J. C. Seeing like a state: How certain schemes to improve the human condition have failed. New Haven e Londres: Yale University Press, 1998.
SMITH, N. Contornos de uma política espacializada: veículos dos sem teto e a produção da escala geográfica. In: ARANTES, A. A. (org.). O espaço da diferença. Campinas, SP: Papirus, 2000. p. 133–175.
SWYNGEDOUW, E. ¿Globalización o glocalización? Redes, territorios y reescalamiento. In: RAMIRO FERNÁNDEZ, V.; BRANDÃO, C. (orgs.). Escalas y políticas del desarollo regional: desafíos para América Latina. Buenos Aires, Argentina: Miño y Dávila, 2010.
WALKER, R. B. J. Inside / Outside : Relações Internacionais como teoria política. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio : Ed. Apicuri, 2013.
YERGIN, D. O petróleo: Uma história mundial de conquistas, poder e dinheiro. 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2012.
ZHENG, Y.; WALSHAM, G. Inequality of what? An intersectional approach to digital inequality under Covid-19. Information and Organization, [s. l.], v. 31, n. 1, p. 100341, 1 mar. 2021. https://doi.org/10.1016/j.infoandorg.2021.100341.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Espaço e Geografia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.





