Ocorrência de áreas úmidas no domínio dos Mares de Morro: uma abordagem hidrogeomorfológica
a hydrogeomorphological approach
DOI:
https://doi.org/10.26512/2236-56562025e50938Palavras-chave:
Hidrogeomorfologia, hidromorfismo, vegetação higrófilaResumo
Áreas úmidas são sistemas hidrogeomorfológicos de grande relevância social, econômica e geoambiental. No entanto, pouco se conhece sobre esses sistemas no contexto morfoclimático de Mares de Morros. Diante disso, este trabalho buscou contextualizar os condicionantes hidrogeomorfológicos de formação das áreas úmidas nas bacias hidrográficas do córrego Igrejinha e do ribeirão Espírito Santo (Juiz de Fora-MG), relacionando suas características fisiográficas com a estrutura e dinâmica da paisagem. Com o uso de técnicas de sensoriamento remoto, de fotointerpretação e com auxílio de mapeamentos temáticos, foram identificadas e caracterizadas 193 áreas úmidas, sendo 18 delas investigadas em campo para levantamento dos aspectos fisiográficos e geoecológicos. Os resultados obtidos evidenciam que há uma massiva influência da dinâmica e evolução da paisagem na configuração e conformação das áreas úmidas, assim como na manutenção das mesmas — em múltiplas escalas têmporo-espaciais. Percebe-se que suas ocorrências estão intrinsecamente ligadas às condições hidrogeomorfológicas, litoestruturais e climáticas da região, caracterizada por seus vales encaixados e mamelonização do relevo. Logo, é possível afirmar que a relação entre hidromorfismo do solo e formas de vida da vegetação higrófila é um indicador dos estágios evolutivos das áreas úmidas, evidenciando a relevância de se compreender as complexas interações desses sistemas com a paisagem na qual se inserem.
Downloads
Referências
BARBIER, E. B. Valuing environmental functions: tropical wetlands. Land economics, p. 155-173, 1994.
BISHOP, P. Drainage rearrangement by river capture, beheading and diversion. Progress in physical geography, v. 19, n. 4, p. 449-473, 1995.
BRINKMAN, R.. Ferrolysis, a soil-forming process in hydromorphic conditions. Pudoc, 1979.
BRINSON, M. M. (Ed.). A Hydrogeomorphic Classification for Wetlands. Washington: U.s. Army Engineer Waterways Experiment Station, 1993. (Wetlands Research Program Technical Report)
CESAMA. MANANCIAIS: Ribeirão do Espírito Santo. Disponível em: http://www.cesama.com.br/mananciais/ribeirao-do-espirito-santo-2. Acesso em: 23 maio 2020.
CHARLTON, R. Fundamentals of fluvial geomorphology. Routledge, 2007.
COELHO NETTO, A. L. Evolução de cabeceiras de drenagem no médio vale do Rio Paraíba do Sul (SP/RJ): a formação e o crescimento da rede de canais sob controle estrutural. Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 2, n. 4, p. 69-100, 2003.
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS (CPRM) (Org.). Mapa Geológico do Estado de Minas Gerais. Brasília: Cprm/codemig, 2014.
CUNHA, C. N.; PIEDADE, M. T. F.; JUNK, W. J. Classificação e Delineamento das Áreas Úmidas Brasileiras e de seus Macrohabitats. Cuiabá: EdUFMT, 2014.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA) (Ed.). Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa, 2018.
ETCHEBEHERE, M. L; SAAD, A. R.; FULFARO, V. J.; PERINOTTO, J. A. J. Aplicação do Índice" Relação Declividade-Extensão-RDE" na Bacia do Rio do Peixe (SP) para detecção de deformações neotectônicas. Geologia USP. Série Científica, v. 4, n. 2, p. 43-56, 2004.
GOMES, C. S.; JÚNIOR, A. P. M. Sistemas de classificação de áreas úmidas no Brasil e no mundo: panorama atual e importância de critérios hidrogeomorfológicos. Geo UERJ, n. 33, p. 34519, 2018.
GOMES, C. S.; MAGALHÃES JUNIOR, A. P. Aparato conceitual sobre áreas úmidas (wetlands) no brasil: Desafios e opiniões de especialistas. Boletim Goiano de Geografia, v. 37, n. 3, p. 484-508, 2017.
GUIMARÃES, I. P. M. B; BARROS, R. R.; FELIPPE, M. F. RECONHECIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS ÚMIDAS NO DOMÍNIO DOS MARES DE MORRO. Revista de Geografia-PPGEO-UFJF, v. 12, n. Especial, p. 72-85, 2022.
GURNELL, A. M.; CORENBILT, D.; JALÓN, D. G.; TÁNAGO, M. G.; GRABOWSKI, R. C.; O’HARE, M. T; SZEWCZYK, M. A conceptual model of vegetation–hydrogeomorphology interactions within river corridors. River research and applications, v. 32, n. 2, p. 142-163, 2016.
JACKSON, C. R.; THOMPSON, J. A.; KOLKA, R. K. Wetland Soils, Hydrology, and Geomorphology. In: BATZER, Darold P.; SHARITZ, Rebecca R. (ed.). Ecology of Freshwater and Estuarine Wetlands. Berkeley: University Of California Press, 2014. Cap. 2. p. 23-60.
KAMINO, L. H. Y.; REZENDE, E. A.; SANTOS, L. J. C.; FELIPPE, M. F. F.; ASSIS, W. L. A. Atlantic Tropical Brazil. In: SALGADO, A. A. R.; SANTOS, L. J. C.; PAISANI, J. C. (ed.). The Physical Geography of Brazil: environment, vegetation and landscape. Cham: Springer, 2019. Cap. 4. p. 41-73.
KEOUGH, J. R.; THOMPSON, T. A.; GUNTENSPERGEN, G. R.; WILCOX, D. A. Hydrogeomorphic factors and ecosystem responses in coastal wetlands of the Great Lakes. Wetlands, v. 19, n. 4, p. 821-834, 1999.
LIU, T.; LI, C. H. E. N.; FAN, Bei-ling. Experimental study on flow pattern and sediment transportation at a 90 open-channel confluence. International Journal of Sediment Research, v. 27, n. 2, p. 178-187, 2012.
MAIA, R. P.; BEZERRA, F. H. R. Tectônica Pós-Miocênica e controle estrutural de drenagem no rio Apodi-Mossoró, Nordeste do Brasil. Boletim de Geografia, v. 31, n. 2, p. 57-68, 2013.
MARINHO, T. A.S.; PAULA, J. D.; RÍOS-VILLAMIZAR, E. A.; SCHÖNGART, J. Tipos de Áreas Úmidas Amazônicas. In: LOPES, Aline; PIEDADE, Maria Teresa Fernandez (ed.). Conhecendo as áreas úmidas amazônicas: uma viagem pelas várzeas e igapós. Manaus: Inpa, 2015. Cap. 3. p. 33-40.
MARTINI, P. R. Áreas úmidas da América do Sul registradas em imagens de satélites. In: I SIMPÓSIO DE GEOTECNOLOGIAS NO PANTANAL, 2006, Campo Grande. Anais do 1º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal. Campo Grande: Embrapa Informática Agropecuária/INPE, 2006. p. 876 - 882.
MARTINS, F. B.; GONZAGA, G.; SANTOS, D. F.; REBOITA, M. S. Classificação climática de Köppen e de Thornthwaite para Minas Gerais: cenário atual e projeções futuras. Revista Brasileira de Climatologia, v. 1, 2018.
MELLO, C. R.; SÁ, M. A. C.; CURI, N.; MELLO, J. M.; VIOLA, M. R.; SILVA, A. M. Erosividade mensal e anual da chuva no Estado de Minas Gerais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 42, n. 4, p. 537-545, 2007.
MITSCH, W. J.; GOSSSELINK, J. G. Wetlands. 4. ed. Hoboken: John Wiley & Sons, 2007.
NOGUEIRA, J. R. Evolução geológica dos terrenos de alto grau metamórfico da Faixa Ribeira na região de Juiz de Fora, Minas Gerais. 1999. 190p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP, 1999.
OLIVEIRA, T. A.; TAVARES, C. M. G.; SANCHES, F.; FERREIRA, C. C. M. Variabilidade pluviométrica no município de Juiz de Fora-MG no período de 1910-2018: Investigação a partir da técnica do Box Plot. Revista Brasileira de Climatologia, v. 26, 2020.
PANIZZA, A. C.; FONSECA, F. P. Técnicas de interpretação visual de imagens. GEOUSP Espaço e Tempo (Online), n. 30, p. 30-43, 2011.
PIÉGAY, H.; SCHUMM, S. A. System approaches in fluvial geomorphology. Tools in fluvial geomorphology, p. 103-134, 2003.
RAMSAR (Iran). Convention on Wetlands of International Importance especially as Waterfowl Habitat. Ramsar, 2 February 1971. UN Treaty Series No. 14583. As amended by the Paris Protocol, 3 December 1982, and Regina Amendments, 28 May 1987.
REBOITA, M. S.; RODRIGUES, M.; SILVA, L. F.; ALVES, M. A. Aspectos climáticos do estado de minas gerais (climate aspects in minas gerais state). Revista Brasileira de Climatologia, v. 17, 2015.
REDDY, K. R.; DELAUNE, R. D. Biogeochemistry of wetlands: science and applications. CRC press, 2008.
RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V.; CAVALCANTI, A. P. B. Geoecologia das Paisagens: uma visão geossistêmica da análise ambiental. Fortaleza: Editora UFC, p. 27-30, 2004.
SEMLITSCH, R. D.; BODIE, J. R. Are small, isolated wetlands expendable?. Conservation Biology, v. 12, n. 5, p. 1129-1133, 1998.
SIDLE, R. C.; TSUBOYAMA, Y.; NOGUCHI, S.; HOSODA, I.; FUJIEDA, M.; SHIMIZU, T. Stormflow generation in steep forested headwaters: a linked hydrogeomorphic paradigm. Hydrological Processes, v. 14, n. 3, p. 369-385, 2000.
UFV - CETEC - UFLA - FEAM. Mapa de solos do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2010. 49p. Disponível em: <http://www.feam.br/noticias/1/949-mapas-de-solo-do-estado-de-minas-gerais>
VALENTE, C. R.; LATRUBESSE, E. M.; FERREIRA, L. G. Relationships among vegetation, geomorphology and hydrology in the Bananal Island tropical wetlands, Araguaia River basin, Central Brazil. Journal of South American Earth Sciences, v. 46, p. 150-160, 2013.
VAN DER VALK, A. G. Succession in wetlands: a gleasonian appraoch. Ecology, v. 62, n. 3, p. 688-696, 1981.
VILES, H. A.; NAYLOR, L. A.; CARTER, N. E. A.; CHAPUT, D. Biogeomorphological disturbance regimes: progress in linking ecological and geomorphological systems. Earth Surface Processes and Landforms: The Journal of the British Geomorphological Research Group, v. 33, n. 9, p. 1419-1435, 2008.
WEBBER, N. B.; GREATED, C. A. An investigation of flow behaviour at the junction of rectangular channels. Proceedings of the Institution of Civil Engineers, v. 34, n. 3, p. 321-334, 1966.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Espaço e Geografia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.





