Remanescentes de Floresta Ombrófila Densa Primária com Ocotea catharinensis na Ilha de Santa Catarina

Autores

Palavras-chave:

fragmentos, mata atlântica, Florianópolis, Floresta madura

Resumo

A Floresta Ombrófila Densa ocupa 21.800 hectares, ou 51,6% da área total da Ilha de Santa Catarina (ISC), no município de Florianópolis. Contudo, há poucas áreas com remanescentes da floresta primária. A fragmentação da vegetação na Ilha, levou espécies como Ocotea catharinensis Mez, provavelmente das mais comuns antes da chegada dos colonizadores, correspondendo a 1/3 das espécies arbóreas da floresta no Estado, quase a extinção. Até o fim da década de 1970 cerca de 80% das planícies e morrarias da Ilha estavam devastadas. Ao longo da sua história de uso e ocupação do espaço geográfico, além da agricultura, principal causa do desmatamento, também houve extração de espécies para a lenha e arbóreas de valor econômico. O objetivo principal desse trabalho é a identificação e mapeamento de fragmentos de floresta primária na ISC, em especial com Ocotea catharinensis Mez, espécie bioindicadora. Através de caminhamento em campo ao longo de 300 km, foram mapeadas e identificadas árvores adultas com mais de 20 cm de DAP e  cerca de 20 metros de altura. Como resultado, foram mapeados 72,8 hectares de remanescentes de mata primária na Ilha de Santa Catarina para a região sul e central da Ilha, com 415 indivíduos de Ocotea catharinensis Mez e também outras espécies. No total foram observadas 26 famílias e 33 espécies arbóreas de estágio climácico. A importância desses remanescentes primários se dá como corredores de biodiversidade para conexão dos fragmentos de norte, centro e sul da Ilha. Mantendo essa vegetação conectada diminui-se o risco da erosão genética, em especial com espécies da floresta primária, pois essas são as matrizes para a regeneração e sucessão florestal.

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Biografia do Autor

Talita Góes, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda em geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2019). Mestre em Geografia (2015) na área de Utilização e Conservação de Recursos Naturais pela Universidade Federal de Santa Catarina. Bacharel (2011) e licenciada (2012) em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Técnica em Meio Ambiente pelo Instituto Federal de Santa Catarina (2005). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Observatório de Áreas Protegidas - UFSC (OBSERVA), onde desenvolve pesquisas dentro do projeto "Análise e monitoramento dos impactos, fragmentação e a conectividade, nas Unidades de Conservação da ilha de Santa Catarina, Brasil. (UFSC)". Professora de geografia ACT na rede municipal de educação de Florianópolis (2015-2018). Atualmente é pesquisadora do projeto Fauna-Floripa atuando na coordenação fitogeográfica/biogeográfica, campos e educação ambiental. Atua como consultora técnica no Programa Roteiros do Ambiente Caminhos e Trilhas na Ilha de Santa Catarina. Foi conselheira titular da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé e do Monumento Natural Municipal da Lagoa do Peri, e suplente no Parque Estadual do Rio Vermelho. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Biogeografia e Ciências Ambientais atuando principalmente com Unidades de Conservação, Ecologia da Paisagem e Educação Ambiental.

Orlando Ferretti, UFSC

Geógrafo, mestre e doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor Associado no Departamento de Geociências (GCN), Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua nos cursos de Geografia e Museologia, com disciplinas de Biogeografia. Professor no Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG/UFSC) orientando nas áreas de Utilização e Conservação dos Recursos Naturais e Processos Educativos em Geografia. Atualmente pesquisa no campo da Biogeografia, Geoecologia e Educação Geográfica. Coordena o Grupo de Pesquisa Observatório de Áreas Protegidas (OBSERVA/UFSC) junto ao Laboratório de Análise Ambiental (LAAM/UFSC).

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Publicado

08/17/2023 — Atualizado em 09/15/2023

Versões

Como Citar

Góes, T. L., & Ferretti, O. E. (2023). Remanescentes de Floresta Ombrófila Densa Primária com Ocotea catharinensis na Ilha de Santa Catarina. Revista Espaço E Geografia, 26. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/espacoegeografia/article/view/43923 (Original work published 17º de agosto de 2023)

Edição

Seção

Artigos