AVALIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA VARIAÇÃO DA VEGETAÇÃO DE RESTINGA: O CASO DO BAIRRO LAGOMAR, MACAÉ - RJ

Autores

  • Édson Avelar Guimarães Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Av. São José Barreto, 764 - São José do Barreto, Macaé - RJ, 27965-045
  • Mateus Corrêa Emerick Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Av. São José Barreto, 764 - São José do Barreto, Macaé - RJ, 27965-045
  • Bárbara Dias Ferreira Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Av. São José Barreto, 764 - São José do Barreto, Macaé - RJ, 27965-045
  • Fernanda Teles de Miranda Maia Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Av. São José Barreto, 764 - São José do Barreto, Macaé - RJ, 27965-045
  • Orlando Salvador Neto Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Av. São José Barreto, 764 - São José do Barreto, Macaé - RJ, 27965-045
  • Graziele Girlane da Silva Carneiro Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Av. São José Barreto, 764 - São José do Barreto, Macaé - RJ, 27965-045
  • Francyane Nogueira Gonçalves Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Av. São José Barreto, 764 - São José do Barreto, Macaé - RJ, 27965-045

Palavras-chave:

ocupação irregular, vegetação de restinga, imagem de satélite, economia do petróleo

Resumo

Em um cenário de serra e mar, córregos e rios, manguezal e restinga, Macaé iniciou a ocupação do território graças aos atributos naturais de sua paisagem e as atividades econômicas relacionadas à agricultura e pesca. A partir de 1970/1980 a cidade experimentou um boom demográfico (aproximadamente 338% de crescimento populacional) até 2010, em virtude da descoberta de petróleo, atividades relacionadas e a promessa do progresso. Esse fato gerou acúmulo de riqueza, mas também produziu bolsões de miséria, ocupações irregulares nas margens de rios, estuários e em parte da orla norte do município, sobretudo nas áreas do bairro Lagomar. Nesse contexto, além de uma breve discussão acerca do contraste entre a riqueza advinda do petróleo e uma população socialmente vulnerável, que encontra em áreas ambientalmente sensíveis o único espaço para morar, este trabalho objetiva analisar quantitativamente os efeitos da ocupação desordenada em áreas de restinga, tendo como marco o período histórico de mudança nas atividades econômicas. Foram utilizadas imagens de satélite da série Landsat para os anos de 1986, 1992, 2000, 2010, 2020 em três locais distintos: aglomerado urbano irregular; área proteção integral sem ocupação humana e um balneário ocupado dentro da área de proteção integral; e realizado o processo de classificação supervisionada, pelo método da verossimilhança, para as localidades e calculada os respectivos valores de área de vegetação correspondente a cada década. Houve supressão significativa de vegetação na ocupação irregular enquanto não houve variação nas áreas de proteção integral. A manutenção da vegetação  no balneário pode ser um indicativo que as soluções passam por planejamento urbano, redução das desigualdades sociais e ações efetivas por parte do poder público. Em última instância a simples presença de populações humanas não está diretamente ligada à degradação dos ecossistemas e perda de vegetação e biodiversidade.

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Publicado

01/21/2022

Como Citar

Avelar Guimarães, Édson, Corrêa Emerick, M., Dias Ferreira, B., Teles de Miranda Maia, F., Salvador Neto, O., da Silva Carneiro, G. G., & Nogueira Gonçalves, F. (2022). AVALIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA VARIAÇÃO DA VEGETAÇÃO DE RESTINGA: O CASO DO BAIRRO LAGOMAR, MACAÉ - RJ. Revista Espaço E Geografia, 24(2), 114:133. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/espacoegeografia/article/view/40270

Edição

Seção

Artigos