DETERMINANTES SOCIAIS DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS CASOS DE DENGUE NA FAIXA FRONTEIRIÇA DO BRASIL

Autores

  • José Joaquín Carvajal Cortés Laboratório de Doenças Parasitárias Instituto Oswaldo Cruz/IOC/FIOCRUZ, Av. Brasil, 4365 Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 21040-360
  • Nildimar Alves Honório Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários Núcleo Operacional Sentinela de Mosquitos Vetores Instituto Oswaldo Cruz/IOC/FIOCRUZ, Av. Brasil, 4365 Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 21040-360
  • Gerusa Gibson Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários Núcleo Operacional Sentinela de Mosquitos Vetores Instituto Oswaldo Cruz/IOC/FIOCRUZ, Av. Brasil, 4365 Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 21040-360
  • Paulo César Peiter Laboratório de Doenças Parasitárias Instituto Oswaldo Cruz/IOC/FIOCRUZ, Av. Brasil, 4365 Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 21040-360

Palavras-chave:

dengue, determinantes sociais, epidemiologia espacial, fronteira

Resumo

O presente estudo busca identificar os determinantes sociais da distribuição espacial do dengue nas fronteiras do Brasil. Foram realizadas análises descritivas e inferenciais de diferentes indicadores socioeconômicos, bem como da incidência do dengue por município, discriminados pelos níveis de organização da fronteira internacional: faixa de fronteira, linha de fronteira e cidades gêmeas. Foram utilizados métodos bayesianos empíricos e o coeficiente de correlação de Spearman para as análises espaciais. No nível de país e faixa de fronteira, se encontraram associações da incidência de dengue com a condição laboral (rho>0,25; p<0,01). Na linha de fronteira foram encontradas associações com a vulnerabilidade social, o acesso à serviços de educação e saneamento (-0,38<rho>0,50; p<0,001). Por último, nas cidades gêmeas com a desigualdade da renda, vulnerabilidade social, a mobilidade e o acesso aos serviços de educação e saneamento (-0,46<rho>0,53; p<0,001). Os achados apontam a existência de diferenças entre os determinantes sociais estudados do dengue com os diferentes níveis de organização espacial da faixa de fronteira internacional, bem como discrepâncias quanto ao acesso da população à serviços sociais básicos, o nível de instrução e a renda, os quais foram relacionados com a incidência de dengue e a proximidade dos municípios à fronteira internacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANSELIN, L. (1995). Local indicators of spatial association – LISA. Geographical Analysis, v. 27, n. 2, p. 93-115.

ARAUJO, M. R. de; DESMOULIÈRE, S. J. M.; LEVINO, A. (2014). Padrão espacial da distribuição da incidência de dengue e sua relação com a variável renda na Cidade de Manaus, Estado do Amazonas, Brasil. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 5, n. 2, p. 11–20.

BARCELLOS, C.; PUSTAI, A. K.; WEBER M. A.; BRITO, M. R. V. (2005). Identificação de locais com potencial de transmissão de Dengue em Porto Alegre através de técnicas de geoprocessamento. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 38, n. 3, p. 246-250.

BRAVEMAN, P.; EGERTER, S.; WILLIAMS, D. R. (2011). The Social Determinants of Health: Coming of Age. Annual Review of Public Health, v. 32, p. 381-98.

CARVAJAL, J.J. (2013). Variação espacial e temporal dos vetores do dengue Aedes (Stegomyia) albopictus (Skuse, 1894) e Aedes (Stegomyia) aegypti (Linnaeus, 1762) na área urbana do município de Letícia (Amazonas-Colômbia) e sua associação com a transmissão do dengue na tríplice fronteira amazônica (Colômbia-Brasil-Peru). 126f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical) – Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.

CARVALHO, A. I. de. (2013). Determinantes Sociais, Econômicos e Ambientais da Saúde. In FIOCRUZ (org.) A saúde no Brasil em 2030: prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro: população e perfil sanitário. Fiocruz, Rio de Janeiro: p. 19-38.

CATÃO, R. C. (2012). Dengue no Brasil: Abordagem geográfica na escala nacional, São Paulo: Editora UNESP, 176p.

CATÃO, R. D. C.; GUIMARÃES, R. F.; ABÍLIO, O., JÚNIOR, D. C.; & TRANCOSO, R. A. (2009). Análise da distribuição do dengue do distrito federal, v. 12, p. 81-103.

COSTA, A. I. P. D; NATAL, D. (1998). Distribuição espacial da dengue e determinantes socioeconômicos em localidade urbana no Sudeste do Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 32, n. 3, p. 232-236.

COSTA-RIBEIRO, M. C. V.; LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, R.; FAILLOUX, A. B. (2006). Geographic and temporal genetic patterns of Aedes aegypti populations in Rio de Janeiro, Brazil. Trop Med Int Hlth, v. 11, p. 1276-1285.

DOUGLAS, I. (2012). Urban ecology and urban ecosystems: understanding the links to human health and well-being. Current Opinion in Environmental Sustainability, v. 4, n. 4, p. 385-392.

FLAUZINO, R. F.; SOUZA-SANTOS, R.; DE OLIVEIRA, R. M. (2011). Indicadores socioambientais para vigilância da dengue em nível local. Saúde e Sociedade, v. 20, n. 1, p. 225-240.

FORGET, G.; LEBEL J. (2001). An ecosystem approach to human health. International Journal of Occupational and Environmental Health, v. 7, n. 2, p. 1-38.

GALVÃO, L. A. C.; FINKELMAN, J.; HENAO, S. (2011). Determinantes ambientais e sociais da saúde. Brasília: OPS-FIOCRUZ, 601p.

GIBSON, G.; SOUZA-SANTOS, R.; PEDRO, A. S.; HONÓRIO, N. A.; SÁ CARVALHO, M. (2014). Occurrence of severe dengue in Rio de Janeiro: an ecological study. Revista Da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 47, p. 684-691.

GRATZ, N. G. (2004). Critical review of the vector status of Aedes albopictus. Med Vet Entomol, v. 18, p. 215-27.

HOUSE, J. W. (1980). The Frontier zone: A conceptual problem for policy makers. International political Science Review, v.1, n. 4, p. 456-477.

IÑIGUEZ ROJAS, L. B.; TOLEDO, L. M. D. (1988). Espaço & doença: um olhar sobre o Amazonas. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, 175p.

KUNO, G. (1995). Review of the factors modulating Dengue transmission. Epidemiologic Reviews, v. 17, n. 2, p. 321-35.

LEVINO, A. (2010). Caracterização geográfica, epidemiológica e da organização dos serviços de saúde na tríplice fronteira Brasil/Colômbia/Peru. 213 p. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife.

LEVINO, A; CARVALHO, E. F. (2011). Análise comparativa dos sistemas de saúde da tríplice fronteira: Brasil/Colômbia/Peru. Rev Panam Salud Pública, v. 30, n. 5, p. 490-500.

MACHADO, L. et al. (2005): O desenvolvimento da faixa de fronteira: uma proposta conceitual-metodológica. In OLIVEIRA, T. C. M. de (org.) Território sem limites: estudos sobre fronteiras. UFMS, Campo Grande: p. 87-112.

MARZOCHI, K. B. F. (1994). Dengue in Brazil: situation, transmission and control: A proposal for ecological control. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, n. 89, p. 235-245.

MENA, N., TROYO, A., BONILLA-CARRIÓN, R., & RICA, C. (2011). Factores asociados con la incidencia de dengue en Costa Rica. Revista Panamericana De Salud Pública, v. 29, n. 4, p. 234-242.

MINISTERIO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL – MIN (2005). Proposta de Reestruturação do Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira. Brasília: MIN, 418p.

MINISTERIO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL – MIN (2009). Faixa de fronteira: programa de promoção do desenvolvimento da Faixa de Fronteira - PDFF. Brasília: MIN, 66p.

MINISTERIO DE INTEGRAÇÃO NACIONAL – MIN (2010). Bases para uma proposta de desenvolvimento e integração da faixa de fronteira. Brasília: MIN, 142p.

MINISTERIO DE SAÚDE – MS (2007). Capacitação e atualização em geoprocessamento em saúde: Introdução à estatística espacial para a saúde pública. Brasília: MS, 124p.

MONDINI, A., CHIARAVALLOTI-NETO, F. (2007). Socioeconomic variables and dengue transmission. Revista de Saúde Pública, v. 41, n. 6, p. 923-930.

MONDINI, A.; CHIARAVALLOTI-NETO, F. (2008). Spatial correlation of incidence of dengue with socioeconomic, demographic and environmental variables in a Brazilian city. Science of The Total Environment, v. 393, n. 2/3, p. 241-248.

OLIVEIRA, M. M. de (2006). A mobilidade humana na tríplice fronteira: Peru, Brasil e Colômbia. Estudos Avançados, v. 20, n. 57, p. 183-196.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS (2011). Implementando ações sobre os determinantes sociais da saúde. In OMS (org.) Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde (WCSDH). OMS, Rio de Janeiro: 32p.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS (2012). Cambio Climático y Salud: Nota descriptiva, n. 266. In: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs266/es/ index.html.

ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE – OPS (2009). Enfoques ecossistêmicos em saúde: perspectivas para sua adoção no Brasil e países da América. Brasília: OPS, 44p.

PEITER, P. C. (2005). A Geografia da Saúde na Faixa de Fronteira Internacional do Brasil na Passagem do Milênio. 379f. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

PEITER, P. C. (2007). Condiciones de vida, situación de la salud y disponibilidad de servicios de salud en la frontera de Brasil: un enfoque geográfico. Cadernos de Saúde Pública, v. 23, p. 237-250.

RODHAIN, F. (1992). Recent data on the epidemiology of dengue fever. Bulletin de l’Académie Nationale de Médecine, v. 176, n. 2, p. 223-229.

SAN PEDRO, A.; SOUZA-SANTOS, R.; SABROZA, P. C.; OLIVEIRA, R. M. de (2009). Condições particulares de produção e reprodução da dengue em nível local: estudo de Itaipu, Região Oceânica de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 25, p. 1937-1946.

SOUCHAND, S.; FUSCO, W. (2008). Diagnóstico das migrações internacionais entre Brasil, Paraguai e Bolívia. In PIRES, T. D. C. (org.) População e políticas sociais no Brasil: os desafios da transição demográfica e das migrações internacionais. Centro de Gestão de Estudos Estratégicos, Brasília: p. 266-295.

STEIMAN, R. (2002). A geografia das cidades de fronteira: um estudo de caso de Tabatinga (Brasil) e Letícia (Colômbia). 128f. Tese (Doutorado em Geografia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

STIGLITZ, J. E.; SEN, A.; FITOUSSI, J. (2009). Report by the Commission on the Measurement of Economic Performance and Social Progress. Paris: Relatório apresentado pela Comissão. 292p.

SUÁREZ-MUTIS, M. C.; MORA CÁRDENAS, C. M.; PEREZ REYES, L. D. P.; PEITER, P. C. (2010). Interacciones transfronterizas y salud en la frontera BrasilColombia-Perú. Mundo Amazónico, v. 1, p. 243-266.

TAUIL, P. L. (2001). Urbanização e ecologia do Dengue. Cad. Saúde Pública, v. 17, p. 99-102.

TEIXEIRA, M. G.; BARRETO, M. L; COSTA, M. C. N.; FERREIRA, L. D. A.; VASCONCELOS, P. F. C. (2002). Avaliação de impacto de ações de combate ao Aedes aegypti na cidade de Salvador. Bahia. Rev. Bras. Epidemiol, v. 5, n. 1, p. 108-115.

TEIXEIRA, T. R. de A., & CRUZ, O. G. (2011). Spatial modeling of dengue and socioenvironmental indicators in the city of Rio de Janeiro, Brazil. Cadernos de Saúde Pública, v. 27, p. 591-602.

VIEITES, R. G., FREITAS, I. A. (2007). Pavlovsky e Sorre: duas importantes contribuições à geografia médica. Ateliê Geográfico, v.1, n. 2, p. 187-201.

WAGSTAFF, A. (2002). Poverty and health sector inequalities. Bulletin of the World Health Organization, v. 80, n. 2, p. 97-105.

WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO (2012). Dengue e Dengue hemorrágico: Nota descritiva, n. 117. In: www.who.int/mediacentre/factsheets/fs117/es/

ZARATE, C. G.; AHUMADA, C. (2008). Fronteras en la globalización localidad, biodiversidad y comercio en la Amazonia. Bogota: Colombia. 226p.

Downloads

Publicado

01/21/2022

Como Citar

Carvajal Cortés, J. J., Alves Honório, N., Gibson, G., & Peiter, P. C. (2022). DETERMINANTES SOCIAIS DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS CASOS DE DENGUE NA FAIXA FRONTEIRIÇA DO BRASIL. Revista Espaço E Geografia, 18(3), 611:638. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/espacoegeografia/article/view/40081