O jovem cinema e o crepúsculo da ópera: sobre a herança wagneriana na música de Luís de Freitas Branco para o filme Frei Luís de Sousa (1950)
DOI :
https://doi.org/10.26512/dramaturgias.v0i10.24926Mots-clés :
Ópera e cinema, Wagnerismo, Frei Luís de Sousa, António Lopes Ribeiro, Luís de Freitas Branco, Laurence Olivier, William Walton.Résumé
Este artigo propõe uma análise do uso da técnica do leitmotiv na música composta por Luís de Freitas Branco (1890-1955) para o filme Frei Luís de Sousa (António Lopes Ribeiro, 1950). Numa primeira parte, problematizamos a influência dos modelos britá‚nicos da época e em particular das adaptações shakespearianas de Laurence Olivier. Depois, tentamos compreender de que forma Freitas Branco procurou transferir para o contexto fílmico uma determinada relação entre música e narrativa herdada do “drama musical” wagneriano, assim como o seu impacto na leitura política e estética que o filme faz da obra de Almeida Garrett. Enfim, partimos dos percursos cruzados de Freitas Branco e William Walton para interrogar de forma mais geral a relação entre ópera e cinema no período do pós-Segunda Guerra Mundial.
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