Platão e a definição tradicional de conhecimento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14195/1984-249X_23_6

Palavras-chave:

episteme, doxa, Platão, Epistemologia

Resumo

Nos diálogos de Platão, Sócrates frequentemente contrasta a opinião (doxa) ao conhecimento (episteme), como uma forma falível de cognição a uma infalível. Ele parece sugerir que, juntando a uma opinião verdadeira um ‘cálculo de causa’ ou algum tipo de explicação, podemos convertê-la em conhecimento. Muitos intérpretes e epistemólogos têm tomado essa sugestão como evidência de que a definição tradicional de conhecimento como crença verdadeira justificada remonta a Platão. Neste artigo, alego que não é exato supor que Platão antecipou a análise tripartite do conhecimento da Epistemologia Contemporânea. Focalizando a teoria da reminiscência e a distinção entre opinião verdadeira e conhecimento no Mênon, pretendo mostrar que a metafísica dos dois mundos implica o tratamento da opinião e do conhecimento como cognições essencialmente distintas e mutuamente irredutíveis. Ademais, uma vez que Sócrates estava preocupado principalmente com a noção de conhecimento como saber o que (é), o que requer uma apreensão de essências ou Formas, ele não prestou particular atenção ao saber que. Como consequência, Sócrates não argumentou para estabelecer as condições de justificação a ser dada proposicionalmente para que uma crença se torne conhecimento.

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Biografia do Autor

Jose Lourenço Pereira da Silva, Universidade Federal de Santa Maria

Professor Adjunto do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria. Área de atuação: História da Filosofia Antiga.

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Publicado

2018-04-17

Como Citar

Pereira da Silva, J. L. (2018). Platão e a definição tradicional de conhecimento. Archai Journal, (23), 167. https://doi.org/10.14195/1984-249X_23_6