Observações sobre “o igual” e “os iguais”:

Fédon 72e-77a

Autores

  • José Gabriel Santos Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.14195/1984-249X_17_5

Resumo

Embora a reminiscência platônica relacione dois saberes diferentes ”“ um captado a partir das sensopercepções, outro concebido no pensamento ”“, encarando”‘a de um ponto de vista ontoepistemológico, proponho vꔑlos como um ato cognitivo único, descrito de perspectivas complementares.
Apesar de a captação e concepção do saber no pensamento só ocorrer a partir, ou depois, da captação de “algo” a partir das sensopercepções (74c, 75a, b, e, 75e”‘76a), é ao tipo de entidades concebidas no pensamento que o conhecido (73c, d) a partir das sensopercepções (74d) se refere e com ele que se compara (75b, 76d”‘e). Como teoria sobre a cognição e a aprendizagem, a reminiscência consiste nesta recíproca remissão dos saberes: um, captado a partir da percepção de “algo”; o outro, concebido como um conteúdo cognitivo ínsito na alma, subsequentemente recuperado pela experiência das percepções (76d”‘ e; Men. 82”‘86; Phdr. 249b”‘ c). Esta interpretação é possível se, no exemplo apresentado, o que é percebido não forem predicados atribuídos a paus e pedras iguais ou desiguais, mas “os próprios iguais” (74b): imagens do Igual, que “tomam como modelo” e ao qual se referem. Como concepção e teoria sobre a aquisição do saber, iniciada “pelo uso das sensopercepções”, a reminiscência consiste no processo gradual pelo qual a alma recupera o saber que é próprio dela (75e; Phdr. 249b ss.).

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Publicado

2016-04-29

Como Citar

Santos, J. G. (2016). Observações sobre “o igual” e “os iguais”:: Fédon 72e-77a. Archai Journal, (17), 119. https://doi.org/10.14195/1984-249X_17_5