Seria o platonismo uma negação da vida?

Autores

  • Guilherme Domingues da Motta Universidade Católica de Petrópolis, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.14195/1984-249X_17_4

Resumo

Fédon contém várias afirmações que poderiam levar à interpretação de que o platonismo seja uma doutrina comprometida com a negação da vida. Tal interpretação só pode ser sustentada retirando”‘se essas afirmações de contexto e ignorando”‘se uma série de elementos presentes em outros textos de Platão. Um primeiro passo para a solução do problema é reconhecer que todas as afirmações acerca do caráter desejável da morte são sempre relativas à figura do filósofo, cujo modelo é o Sócrates dos diálogos. Essa personagem foi meticulosamente construída para ser compreendida como extraordinária;
é alguém que passou por um processo de “iniciação”, através do qual adquiriu a dýnamis filosófica que o tornou capaz de reconhecer a existência e o valor dos objetos mais altos do conhecimento, assim como o prazer que há na vida contemplativa. Considerando”‘se que “morte” no Fédon significa separação da alma e do corpo, sem que a alma seja com isso aniquilada, então ela significa a continuidade da vida contemplativa, a qual durante a existência corpórea foi tolhida pelos limites impostos pelo corpo e, portanto, trata”‘se de uma vida de fruição contínua do maior prazer. Porém, para além desse tipo de argumentação, cabe verificar como Platão, nos diálogos, tratou a questão da fruição dos prazeres corpóreos tanto para o filósofo quanto para o homem comum. Assim se poderá constatar que o platonismo não é uma negação da vida, mas antes a afirmação da vida, seja na dimensão corpórea, seja espiritual.

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Publicado

2016-04-29

Como Citar

Motta, G. D. da. (2016). Seria o platonismo uma negação da vida?. Archai Journal, (17), 95. https://doi.org/10.14195/1984-249X_17_4