Seria o platonismo uma negação da vida?
DOI:
https://doi.org/10.14195/1984-249X_17_4Resumo
O Fédon contém várias afirmações que poderiam levar à interpretação de que o platonismo seja uma doutrina comprometida com a negação da vida. Tal interpretação só pode ser sustentada retirando”‘se essas afirmações de contexto e ignorando”‘se uma série de elementos presentes em outros textos de Platão. Um primeiro passo para a solução do problema é reconhecer que todas as afirmações acerca do caráter desejável da morte são sempre relativas à figura do filósofo, cujo modelo é o Sócrates dos diálogos. Essa personagem foi meticulosamente construída para ser compreendida como extraordinária;
é alguém que passou por um processo de “iniciação”, através do qual adquiriu a dýnamis filosófica que o tornou capaz de reconhecer a existência e o valor dos objetos mais altos do conhecimento, assim como o prazer que há na vida contemplativa. Considerando”‘se que “morte” no Fédon significa separação da alma e do corpo, sem que a alma seja com isso aniquilada, então ela significa a continuidade da vida contemplativa, a qual durante a existência corpórea foi tolhida pelos limites impostos pelo corpo e, portanto, trata”‘se de uma vida de fruição contínua do maior prazer. Porém, para além desse tipo de argumentação, cabe verificar como Platão, nos diálogos, tratou a questão da fruição dos prazeres corpóreos tanto para o filósofo quanto para o homem comum. Assim se poderá constatar que o platonismo não é uma negação da vida, mas antes a afirmação da vida, seja na dimensão corpórea, seja espiritual.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Dado o acesso público desta revista, os textos são de uso gratuito, com obrigatoriedade de reconhecimento da autoria original e da publicação inicial nesta revista. O conteúdo das publicações é de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
1. Os autores autorizam a publicação do artigo na revista.
2. Os autores garantem que a contribuição é original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.
3. Os autores garantem que a contribuição que não está em processo de avaliação em outras revistas.
4. Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado sob a Creative Commons Attribution License-BY.
5. Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line após a publicação na revista.
6. Os autores dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
7. É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigo às normas da publicação.