Performance e Élenkhos no Íon de Platão

Autores

  • Fernando Muniz Universidade Federal Fluminense

Palavras-chave:

Platão, Ion, hermenêutica, performance, élenkhos

Resumo

No Íon, a autoridade e a sabedoria de poetas e rapsodos são confrontadas por meios indiretos. O caráter oblíquo dessa estratégia impede o acesso direto ao conteúdo do diálogo e provoca inúmeros equívocos de leitura. Um fato contextual estimula mais ainda leituras equivocadas. A poesia tratada no Íon difere muito da forma como nós, modernos, a entendemos. Na Antiguidade grega, de base aural, a poesia era o modo privilegiado de conservação da tradição herdada, e permaneceu exercendo essa função capital até mesmo quando a escrita passou a desempenhar papel relevante na forma de composição e transmissão cultural. Neste contexto, o rapsodo representa uma autoridade que cobre praticamente todos os campos do saber. Autoridade enciclopédica, contra a qual Platão travou uma guerra não sem ambiguidades. O presente artigo busca revelar a motivação profunda que anima o Íon: a contraposição entre dois modos de comunicação, o da poesia e o da filosofia. Defende, ainda, que Platão, ao atacar a performance poética, busca, além de rejeitá-la, substituí-la pelo élenkhos socrático como modo de comunicação ideal para instrução e guia da vida humana.

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Biografia do Autor

Fernando Muniz, Universidade Federal Fluminense

Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal Fluminense.

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Publicado

2018-05-23

Como Citar

Muniz, F. (2018). Performance e Élenkhos no Íon de Platão. Archai Journal, (9), 17. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/archai/article/view/8322