A questão indígena sob a ditadura militar
do imaginar ao dominar
DOI:
https://doi.org/10.4000/aa.2986Palavras-chave:
Ditadura, Brasil, “Ãndiol”, Alteridade, Hegemonia, DesumanizaçãoResumo
Neste artigo pretende-se dar espaço à reflexão sobre o conceito de alteridade. Estabelecendo um paralelismo entre o imaginar e o dominar, almeja-se refletir sobre como antes de impor o domínio sobre o Outro, na luta pela hegemonia no contexto colonial/nacional como é o brasileiro, primeiro há que percebê-lo ontologicamente como merecedor desse domínio, pensamento que contém uma forte dose de violência. Para isso vai se utilizar o contexto da questão indígena durante a ditadura civil-militar, já que oferece um marco de trabalho interessante para a abordagem da reflexão. Mostra-se, ao final, como desde o poder político/econômico e a tensão do contato interétnico, houve uma lógica de desumanização do índio, que legitimou uma práxis predadora sobre os povos indígenas. A metodologia usada segue os passos da imprensa do momento, assim como os discursos políticos, depoimentos e relatórios.
Downloads
Referências
AMADO, Janaína. 1995. “Região, Sertão, Nação”. Estudos Históricos. 8 (15): 145-151.
BARTRA, Roger. 2011. El mito del salvaje. México: Fondo de Cultura Económica.
CASALDÁLIGA, Pedro. 1971. Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social. São Paulo: Impressa.
CASTRO, Eduardo Viveiros de. 2002. “O nativo relativo”.Mana. 8 (1): 113-148.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. 2000. “Ciencias sociales, violencia epistémica y el problema de la “invención del Otro”. In: LANDER, Edgardo (Org.).La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas Latinoamericana. Buenos Aires: CLACSO, p. 191-213.
GROSFOGUEL, Ramón. 2011. “La descolonización del conocimiento: diálogo crítico entre la visión decolonial de Frantz Fanon y la sociología descolonial de Boaventura de Sousa Santos”.Formas-Otras: Saber, nombrar, narrar, hacer: 97-108. Barcelona.
GRUZINSKI, Sergei. O Pensamento Mestiço. 2004. São Paulo: Companhia das Letras.
HECK, Egon Dionísio. 1996. “Os índios e a caserna ”“ políticas indigenistas dos governos militares ”“ 1964 a 1985”. Dissertação (Mestrado ciências políticas), Universidade Estadual de Campinas. Campinas.
HEMMING, John. 2003. Die If You Must: Brazilian Indians in the Twentieth Century. London: Pan Macmillan.
KIENING, Camilla. 2014. O sujeito selvagem: pequena poética do Novo Mundo. São Paulo: Edusp.
LIMA, Antonio Carlos de Souza. 1992. “Um grande cerco de paz: poder tutelar e indianidade no Brasil”. 335 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.
MALDONADO-TORRES, Nelson. 2007. “Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto”. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (Org.).El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Siglo del Hombre editores. pp. 127-167. Bogotá: Siglo del Hombre Editores.
MARTINS, José de Souza. 1997. Fronteira, A degradação do Outro nos confins do humano. São Paulo: Hucitec.
MIGNOLO, Walter. 2003. The darker side of the Renaissance: Literacy, territoriality, and colonization. Michigan: University of Michigan Press.
MILENA, Lilian. 26 de julho 2012. “O massacre de indígenas na Ditadura Militar. Brasiliana,org. Disponivel em: <http://advivo.com.br/materia-artigo/o-massacre-de- indigenas-na-ditadura-militar>. Acesso: 04 de jan. 2014.
O’GORMAN, Edmundo. 1995. La invención de América. México: Fondo de Cultura Económica.
OCHOA, V. 2010. “Já estamos com os bárbaros dentro de casa. Entrevista a Altino Berthier Brasil”. Revista Extra Classe, São Paulo.
OLIVEIRA, Ana Gita. 1995. O Mundo Transformado, Um Estudo da Cultura de Fronteira no Alto Rio Negro. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi.
OLIVEIRA, João Pacheco de (Org.). 1990. Projeto Calha Norte, Militares, índios e fronteiras. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.
PAGDEN, Anthony. 1988. La caída del hombre natural.El indio americano y los orígenes de la etnología comparativa. Madrid: Alianza Editorial.
QUIJANO, Aníbal. 2007. “Coloniality of Power, Eurocentrism, and Latin America”. Nepantla: Views from South , v. 1, 3, pp. 533-580. Baltimore.
RAMOS, Alcida Rita. 1991. “A hall of mirrors: The rhetoric of indigenism in Brazil”.Critique of Anthropology, Thousands Oaks. 11 (2): 155-169.
______. 1995. “O índio hiper-real”.Revista Brasileira de Ciências Sociais. 28 (10): 5-14.
______.1998. Indigenism: ethnic politics in Brazil. Madison: Univ. of Wisconsin Press.
ROCHA, Everardo Guimarães. 1984. O que é Etnocentrismo. São Paulo: Ed. Brasiliense.
SCHWADE, Egydio. 1992. “Waimiri-Atroari: a história contemporânea e um povo na Amazônia”. In: HOORNAERT, E. (Org.). Historia da Igreja na Amazônia. Petrópolis: Vozes, pp. 366-392.
SILVA, Carmen Lucia da. 1998. Sobreviventes do Extermínio. Uma Etnografia das Narrativas e Lembranças da Sociedade Xetá. Tese de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina.
STAUFFER, David Hall. 1959. “Origem e fundação do Serviço de Proteção aos Ãndios”.Revista de História. 18 (37): 73-96.
TRINIDAD, Carlos Benítez. 2015. “La dimensión indígena del salvaje europeo”. Historia 2.0. Conocimiento histórico en clave digital. 9: 31-50.
______. 2016. “La Fundação Nacional do Ãndio al servicio de los intereses geoestratégicos e ideológicos de la dictadura brasileña (1967-1985)”. Americanía: Revista de Estudios Latinoamericanos. 3: 243-277.
______. 2016. “La oposición necesaria al desarrollo moderno en Brasil: el indio y la dictadura”. Iberoamérica Social: revista-red de estudios sociales. Especial (1): 25-48.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2018 Anuário Antropológico
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode.en
Creative Commons - Atribución- 4.0 Internacional - CC BY 4.0
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode.en