Aportes da etnografia sul-americanista ao entendimento dos suicídios indígenas
Uma tentativa de síntese a partir de noções divergentes de “psique”/“alma”
DOI:
https://doi.org/10.4000/aa.2965Palavras-chave:
Suicídio, povos indígenas, noções de pessoa, psique, ontologiasResumo
O presente artigo é uma tentativa de síntese de relatos etnográficos produzidos no âmbito da etnologia sul-americanista acerca do problema do suicídio entre indígenas. Parte da hipótese do aparecimento ou aumento de suicídios em ondas, predominantemente entre pessoas jovens, como sintomática de um tempo presente, onde pressões semelhantes estariam atingindo novas gerações. A leitura do material bibliográfico, ainda exíguo, fez-se com foco especial nas racionalizações indígenas acerca das condições vividas e sofridas que poderiam levar uma pessoa a passar ao ato. Nestas, fica patente duas ordens de incidência de perturbações sobrepostas: a de fundo “espiritual” em largo espectro, e a de tensões nas relações intergeracionais e entre afins. Em face da indispensabilidade da consideração da noção de pessoa para a abordagem do fenômeno nestas etnografias, e interrogando o enquadramento do problema dos suicídios indígenas no âmbito da “saúde mental”, o artigo coloca em perspectiva ontologias ameríndias e a da psicanálise. Já que em ambas o suicídio está associado a processos de “despersonalização”, examina a possibilidade ou impossibilidade de simetrização do “psíquico”.
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