Caleidoscópio narrativo
uma experiência etnográfica no campo da desinstitucionalização psiquiátrica no sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.4000/aa.2411Palavras-chave:
Desinstitucionalização psiquiátrica, sofrimento mental, exclusão social, estudo etnográfico, saúde mentalResumo
Este artigo aborda uma experiência etnográfica no campo da atenção psicossocial no contexto da desinstitucionalização psiquiátrica e se desenvolveu por meio de uma etnografia constituída pelo dispositivo iconográfico (pinturas, desenhos e criações de imagens) de usuários de saúde mental de um atelier de arte ligado a um serviço público de saúde mental no sul do Brasil. Objetivamos analisar, desde uma perspectiva socioantropológica, a desinstitucionalização psiquiátrica, a medicalização da experiência do sofrimento mental, bem como as formas de tratamento em saúde mental. Metodologicamente, trata-se de um estudo qualitativo de cunho etnográfico com o recorte analítico de um estudo de caso e embasamento teórico nos estudos acerca da experiência das narrativas do sofrimento mental (Good, 1994; Kleinman, 1988). Concluímos que, mesmo com o movimento da Reforma Psiquiátrica, ainda predominam discursos e práticas centradas nos aspectos nosológicos no campo da saúde mental, desconsiderando as complexidades socioculturais e a intersubjetividade do indivíduo que sofre. Urge tensionar as formas tradicionais que a cultura biomédica evoca sobre o sofrimento mental em nossa sociedade contemporânea.
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