O regime tutelar na formação do índio

aspectos da sobrevivência e da sociabilidade dos Avá-canoeiro sob um programa do indigenismo empresarial

Autores

  • Cristhian Teófilo da Silva

DOI:

https://doi.org/10.4000/aa.950

Palavras-chave:

Regime tutelar, Avá-canoeiro, sociabilidade

Resumo

O problema da permanência dos Avá-canoeiro, em seus próprios termos, apesar do regime tutelar que visa intermediar suas relações com o mundo externo, nos obriga a questionar: quais são as formas cotidianas pelas quais os Avá-canoeiro podem sustentar sua visão de mundo considerando que sua sociedade foi violentamente destruída? Este artigo apreende a mudança das relações interétnicas entre os Avá-canoeiro sobreviventes no alto rio Tocantins e os brancos, reconhecendo que, por mais que o genocídio tenha tido consequências específicas sobre a vida social dos Avá-canoeiro, ela não limitou a possibilidade de eles recriarem a tradição nos moldes de uma sociabilidade tutelada. O artigo será desenvolvido através de uma comparação controlada entre o padrão das relações interétnicas na Terra Indígena AváCanoeiro e o tipo ideal das interações sociais estabelecidas no interior das instituições totais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBERT, Bruce. 2002. “Introdução: Cosmologias do contato no Norte-Amazônico”.
In: Bruce Albert & Alcida Ramos (orgs.). Pacificando o branco: Cosmologias do contato no NorteAmazônico. São Paulo: Editora UNESP; Imprensa Oficial do Estado.
_______ & RAMOS, Alcida (orgs.). 2002. Pacificando o branco: Cosmologias do contato no NorteAmazônico. São Paulo: Editora UNESP; Imprensa Oficial do Estado.
BAINES, Stephen. 1997. “Uma tradição indígena no contexto de grandes projetos: Os Waimiri-Atroari”. Anuário Antropológico, 96:67-81, Departamento de Antropologia, ICS, Universidade de Brasília.
_______. 1991. “É a FUNAI que sabe”: A Frente de Atração Waimiri-Atroari. Belém: MPEG/ CNPq/SCT/PR.
_______. 2002. O xamanismo como história. Censuras e memórias da pacificação WaimiriAtroari. In: Bruce Albert & Alcida Ramos (orgs.). Pacificando o branco: Cosmologias do contato no norte-amazônico. São Paulo: Editora da UNESP; Imprensa Oficial do Estado.
BARTH, Fredrik. 2000 [1969]. “Os grupos étnicos e suas fronteiras” In: Tomke Lask (org.). O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Tradução de John Cunha Comerford. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria.
BETTELHEIM, Bruno. 1985. O coração informado: Autonomia na era da massificação. 2. ed. Tradução de Celina Cardim Cavalcanti. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
BONILLA, Oiara. 2005. “O bom patrão e o inimigo voraz: Predação e comércio na cosmologia Paumari”. Mana, 11(1).
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. 1989. “Antropologia e poder: Uma resenha de etnografias americanas recentes”. BIB, n. 27:03-50.
DYCK, Noel. 1996. What is the Indian ‘Problem’. Tutelage and Resistance in Canadian Indian Administration. St. John: Institute of Social and Economic Research, ISER.
FAUSTO, Carlos. 2001. Inimigos fiéis: História, guerra e xamanismo na Amazônia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
_______. 2002. “The Bones Affair: Indigenous Knowledge Practices in Contact Situations Seen From an Amazonian Case”. Journal of Royal Anthropological Institute (N. S.), 8:669-690.
FERNANDES, Florestan. 1989 [1948]. A organização social dos Tupinambá. São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora UnB.
FOUCAULT, Michel. 1995 [1979]. Microfísica do poder. Tradução Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal.
GALLOIS, Dominique Tilkin. 1992. “De arredio a isolado: Perspectivas de autonomia para os povos indígenas recém-contactados”. In: Luís Donisete Benzi Grupioni (org.). Índios do Brasil. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura.
_______. 2002. “Em busca da aliança impossível: Os Waiãpi do norte e seus brancos (Guiana Francesa)”. In: Bruce Albert & Alcida Ramos (orgs.). Pacificando o branco: Cosmologias do contato no Norte-Amazônico. São Paulo: Unesp; Imprensa Oficial do Estado.
_______. 2002. “‘Nossas falas duras’: Discurso político e autorrepresentação Waiãpi”. In: Bruce Albert & Alcida Ramos (orgs.). Pacificando o branco: Cosmologias do contato no Norte-Amazônico. São Paulo: Unesp; Imprensa Oficial do Estado.
GOFFMAN, Erving. 2001 [1961]. Manicômios, prisões e conventos. 7. ed. Tradução Dante Moreira Leite. São Paulo: Perspectiva.
_______. 1970. Ritual de la interacción. Buenos Aires: Tiempo Contemporáneo.
_______. 1996 [1959]. A representação do eu na vida cotidiana. 7. ed. Tradução de Maria Célia Santos Raposo. Petrópolis: Vozes.
_______. 1988 [1963]. Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Tradução Márcia B. de M. L. Nunes. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
GUIMARÃES, Sílvia Maria Ferreira. 2001. Os Guarani-Mbyá e a superação da condição humana. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, Brasília, PPGAS/DAN/UnB.
HOWARD, Catherine. 2002. A domesticação das mercadorias: Estratégias Waiwai. In: Bruce Albert & Alcida Ramos (orgs.). Pacificando o branco: Cosmologias do contato no NorteAmazônico. São Paulo: Editora da Unesp; Imprensa Oficial do Estado.
LIMA, Antônio Carlos de Souza. 1995. Um grande cerco de paz: Poder tutelar, indianidade e formação do Estado no Brasil. Petrópolis: Vozes.
MORRIS, Barry. 1991. Dhan-gadi resistance to assimilation. In: Ian Keen (ed.). Being Black: Aboriginal Cultures in “Settled” Australia. Camberra: Aboriginal Studies Press.
NIMUENDAJU, Curt. 1987. As lendas da criação e destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apapocúva-Guarani. São Paulo: Hucitec/Editora da Universidade de São Paulo.
PAINE, Robert (ed.). 1977. The White Arctic: Anthropological Essays on Tutelage and Ethnicity. Newfoundland: University of Toronto Press.
RAFFESTIN, Claude. 1993. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática.
RIBEIRO, Darcy. 1970. Os índios e a civilização: A integração das populações indígenas no Brasil Moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
_______. 1980. Uirá sai à procura de Deus: Ensaios de Etnologia e Indigenismo. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra.
STADEN, Hans. 1999 [1556]. A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens (1548-1555). Tradução Pedro Sussekind. Rio de Janeiro: Dantes.
TEÓFILO DA SILVA, Cristhian. 2005. Cativando Maíra: A sobrevivência avá-canoeiro no alto rio Tocantins. Tese de Doutorado em Antropologia Social, Brasília, PPGAS/DAN/UnB.
TORAL, André. 2002. Verbete Avá-Canoeiro. Disponível em http://www.socioambiental. org/website/pib/epi/ava/ava.htm. Acessado em 19/03/2002.
_______. 1984/1985. “Os índios negros ou os Carijó de Goiás: A história dos Avá-Canoeiro”. Revista de Antropologia, 27/28: 287-325, São Paulo, USP.
TOSTA, Lena Dias. 1997. “Homi matou papai meu”: Uma situação histórica dos Avá-Canoeiro. Dissertação de Bacharelado em Ciências Sociais, Brasília, UnB.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 1986. Arawete: Os deuses canibais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.; ANPOCS.
_________. 1999. “Etnologia Brasileira. O que ler na Ciência Social brasileira (1970-1995)”. São Paulo: Editora Sumaré. Série Antropologia. pp. 109-223.
WAGLEY, Charles. 1988. Lágrimas de boas-vindas: Os índios Tapirapé do Brasil Central. Tradução de Elizabeth Mafra Cabral Nasser. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
WEBER, Max. 1981. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Brasília: Editora da UnB; São Paulo: Pioneira.

Downloads

Publicado

2010-06-05

Como Citar

Silva, Cristhian Teófilo da. 2010. “O Regime Tutelar Na formação Do índio: Aspectos Da Sobrevivência E Da Sociabilidade Dos Avá-Canoeiro Sob Um Programa Do Indigenismo Empresarial”. Anuário Antropológico 35 (2):155-81. https://doi.org/10.4000/aa.950.

Artigos Semelhantes

1 2 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.