Os fluidos limites do corpo reflexões sobre saúde indígena no leste de Roraima

Autores

  • Giovana Acacia Tempesta

DOI:

https://doi.org/10.4000/aa.798

Palavras-chave:

Wapichana, Macuxi, Pessoa, Corpo, Saúde, Doença

Resumo

O presente artigo focaliza as noções de pessoa, corpo, saúde e doença desenvolvidas pelos Wapichana e Macuxi no leste de Roraima. De acordo com esta cosmologia, a formação da pessoa é um processo continuado, simultâneo à constituição de laços sociais e ameaçado tanto por agências humanas quanto por agências não-humanas e extra-humanas, como os “bichos” e “kanaimés”, que causam doenças e malefícios aos homens. Os modos tradicionais de evitar e combater esses perigos são os resguardos e o xamanismo, os quais, no presente, experimentam uma convivência difícil com o sistema de saúde estatal, uma convivência que pode vir a se transformar em um diálogo intercultural, com o apoio dos antropólogos, desde que se respeite o projeto de autonomia dos povos indígenas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

CHAMBERS, D.W. & GILLESPIE, R. 2000. “Locality in the history of science: colonial science, technoscience and indigenous knowledge”. OSIRIS, vol. 15.
DAMATTA, Roberto. 1977. “Panema: uma tentativa de análise estrutural”. In:
_________. Ensaios de Antropologia Estrutural. Petrópolis: Vozes. pp. 67-96.
DOUGLAS, Mary. 1966. Purity and Danger. Inglaterra: Penguin Books.
FARAGE, Nádia. 1991. As Muralhas dos Sertões ”“ os povos indígenas no Rio Branco e a colonização. Rio de Janeiro: Paz e Terra/ANPOCS.
_________. 1997. As flores da fala: práticas retóricas entre os Wapishana. Tese de doutorado inédita, Programa de Pós-Graduação em Letras, FFLCH-USP.
_________ & SANTILLI, Paulo. 1992. “Estado de sítio. Territórios e identidades no vale do rio Branco”. In: Manuela Carneiro da Cunha (org.). História dos Índios no Brasil. São Paulo: Cia. Das Letras/Fapesp. pp. 267-278.
FAUSTO, Carlos. 2002. “Banquete de gente: comensalidade e canibalismo na Amazônia”. Mana 8 (2):7-44.
FOLLÉR, Maj-Lis. 2004. “Intermedicalidade: a zona de contato criada por povos indígenas e profissionais de saúde”. In: Esther Jean Langdon & Luiza Garnelo, (orgs.). Saúde dos Povos Indígenas: reflexões sobre antropologia participativa. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria/ABA. pp. 129-147.
FORTE, Janette. 1990. “The Populations of Guyanese Amerindian Settlements in the 1980s”. In: Occasional Publications of the Amerindian Research Unit. Georgetown: University of Guyana.
GARNELO, Luiza. 2003. Poder, Hierarquia e Reciprocidade: saúde e harmonia entre os Baniwa do Alto Rio Negro. Rio de Janeiro: Fiocruz.
GOW, Peter. 1991. Of Mixed Blood. Kinship and history in Peruvian Amazonia. Oxford: Claredon Press.
_________. 1997. “O parentesco como consciência humana: o caso dos Piro”. Mana 3(2):39-65.
_________. 2000. “Helpless ”“ the affective preconditions of Piro social life”. In: Joanna Overing & Alan Passes (orgs.). The anthropology of love and anger ”“ the aesthetics of conviviality in Native Amazônia. London and New York: Routledge. pp. 46-63.
HERRMANN, Lucila. 1946a. “Organização social dos Vapidiana do território do rio Branco”. Sociologia, vol. VIII, n. 3:282-304; 1946b. “Organização social dos Vapidiana do território do rio Branco” (continuação). Sociologia, vol. VIII, n. 4:203-215.
Hess, David. 1995. “Other ways of knowing and doing: the ethnoknowledges and non-western medicines”. In: _____. Science and technology in a multicultural world: the cultural politics of facts and artifacts. Nova York: Columbia University Press. pp. 185-210.
MAUÉS, Raimundo Heraldo & MOTTA MAUÉS, Maria Angélica. 1973. “O modelo da reima: representações alimentares em uma comunidade amazônica”. Anuário
Antropológico, 77:120-147.
MAUSS, Marcel. 1974. a) “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a noção do ‘eu’”; b) “As técnicas corporais”. In: _____. Sociologia e Antropologia. São Paulo: EPU/ Edusp. vol. I, pp. 207-241; vol. II, pp. 209-233.
MCCALLUM, Cecilia. 1998. “Alteridade e sociabilidade Kaxinauá: perspectivas de uma antropologia da vida diária”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 13, n. 38:127-136.
MENGET, Patrick. 1979. “Temps de nâitre, temps d’être: la couvade”. In: Michel Izard & Pierre Smith (eds.). La Fonction Symbolique. Paris: Gallimard. pp. 245-264.
MÉTRAUX, Alfred. 1963. “The couvades”. In: Julian Steward. Hanbook of South American Indians. vol. 5. Nova York: Cooper Square Publishers. pp. 369-374.
MUSSOLINI, Gioconda. 1944. Notas sobre os conceitos de moléstia, cura e morte entre os índios Vapidiana. Sociologia, vol. VI, n. 2:134-155. Giovana Acacia Tempesta 147
OVERING, Joanna & PASSES, Alan (orgs.). 2000. The anthropology of love and anger ”“ the aesthetics of conviviality in Native Amazônia. London and New York: Routledge.
RICARDO, Carlos Alberto (ed.). 2006. Povos Indígenas no Brasil, 2001-2006. São Paulo: Instituto Socioambiental. pp. 300-332.
RIVIÈRE, Peter. 1974. “The Couvade: a problem reborn”. Man, 9 (3):423-435.
SAMPAIO E SILVA, Orlando. 1980. “Os grupos tribais do território de Roraima”. Revista de Antropologia, XXIII:69-89.
SANTILLI, Paulo. 1994. As Fronteiras da República. História e Política entre os Macuxi no vale do Rio Branco. São Paulo: NHII/USP/Fapesp.
_________. 2001. Pemongon Patá: território Macuxi, rotas de conflito. São Paulo: Editora Unesp.
_________. 2002. “Trabalho escravo e brancos canibais. Uma narrativa histórica Macuxi”. In: Bruce Albert & Alcida Ramos (orgs.). Pacificando o Branco: cosmologias do contato no Norte-Amazônico. São Paulo: Editora Unesp/ Imprensa Oficial do Estado. pp. 487-505.
STRATHERN, Marilyn. 1995. “Necessidade de pais, necessidade de mães”. Estudos feministas, n. 2:303-329.
_________. 1997. “Entre uma melanesianista e uma feminista”. Cadernos Pagu, 8/9:7-49.
Tempesta , Giovana A. 2004. A produção continuada dos corpos. Práticas de resguardo entre os Wapichana e os Macuxi em Roraima. Dissertação de mestrado inédita, Unicamp, Campinas.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2002. “Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena”. In: _____. A Inconstância da Alma Selvagem e Outros Ensaios de Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify. pp. 345-399.

Downloads

Publicado

2018-02-23

Como Citar

Tempesta, Giovana Acacia. 2018. “Os Fluidos Limites Do Corpo Reflexões Sobre Saúde indígena No Leste De Roraima”. Anuário Antropológico 35 (1):129-48. https://doi.org/10.4000/aa.798.